
O folclorista e escritor Deífilo Gurgel (1926 – 2012), teve sua trajetória ligada à inspiração e à tradição das manifestações populares. Em agosto, mês em que é celebrado o folclore, sua vida e obra serão debatidas por intelectuais, especialistas e familiares no seminário “Deífilo Gurgel: Cidadão do País de Mossoró”, nesta quinta-feira, 18, e sexta-feira, 19.
O debate, que celebra os 90 anos de nascimento do pesquisador, ocorrerá na programação da XII Feira do Livro de Mossoró, que será realizada entre 17 e 21 deste mês, no Expocentro.
O seminário é promovido pela Oficina da Notícia e Fundação José Augusto (FJA), instituição na qual Deífilo trabalhou durante doze anos realizando pesquisa e valorizando as principais manifestações populares do rio Grande do Norte.
As palestras proferidas durante o seminário serão transformadas em livro-fortuna crítica.
Nesta quinta-feira, às 16h haverá a mesa redonda com o tema “A Família” com a participação da viúva Zoraide, do filho Alexandre Gurgel, da produtora Katharina Gurgel (neta), do escritor Tarcísio Gurgel (irmão ) e do escritor e artista visual Iaperi Araújo (amigo).
Alexandre Gurgel é escritor e chef de cozinha, figura ativa na cena cultural natalense. O professor e escritor Tarcísio Gurgel é um dos grandes estudiosos da literatura potiguar. Iaperi Araújo é médico, artista e pesquisador do folclore potiguar.
Nesta sexta, a partir das 16h, haverá a mesa redonda “Deífilo e sua Obra” com o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Carlos Newton Junior (O Folclore na Obra de Deífilo Gurgel), a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Graça Cavalcante (“João Redondo e a Pesquisa de Deífilo”), o poeta Cid Augusto Rosado (A Poesia de Deífilo) e o pesquisador Dix-Sept Rosado Sobrinho (Deífilo na Coleção Mossoroense).
Participantes
Carlos Newton Júnior é poeta, ficcionista, ensaísta e professor da UFPE e organizador da obra reunida do escritor Ariano Suassuna; Graça Cavalcanti é graduada em Letras e História pela UFRN, especialista em Educação a Distância pelo Senac-RN e orientadora da Universidade Aberta do Brasil; Cid Augusto é poeta jornalista e escritor mossoronse; Dix-Sept Rosado Sobrinho é médico e presidente da Fundação Vingt-Un Rosado.
Segundo Alexandre Gurgel, a família considera justa celebração dos 90 anos do folclorista, principalmente pela estreita relação que teve junto à Fundação José Augusto.
“Papai esteve na fundação durante doze anos. Foi lá que ele descobriu a obra de Dona Militana e redescobriu Chico Antônio e Chico Daniel e onde estudou profundamente na condição de diretor do órgão, as raízes do nosso folclore”, afirma Gurgel, ressaltando a celebração também à obra literária e humana do folclorista por meio do seminário.
Vida dedicada ao folclore
Deífilo Gurgel nasceu em 22 de outubro de 1926, em Areia Branca. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Natal, exerceu as funções de diretor do Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), de Natal; diretor de Promoções Culturais da Fundação José Augusto (FJA); professor de Folclore Brasileiro na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Poeta e jornalista, publicou várias obras relacionadas ao folclore, como “Danças Folclóricas do Rio Grande do Norte” (1995, 5ª ed.), “Manual do Boi Calemba” (1985), “João Redondo”, “Teatro de Bonecos do Nordeste” (1986) e “Romanceiro de Alcaçuz” (1993).
Sua trajetória passa por inúmeras atividades culturais, livros publicados, pesquisas sobre o folclore, obras coletivas e participações em antologias. Ganhou diversos prêmios literários e menções honrosas, participou de muitos encontros, seminários, festivais, palestras, entre outras atividades. Um exemplo é a “Comenda do Mérito Centenário Câmara Cascudo”, entregue na Capitania das Artes, em Natal, em 1998.
Aos 40 anos de idade “descobriu” o folclore, passando a dedicar-se integralmente ao tema. Residindo em Natal desde 1944, se aprofundou nas raízes históricas e culturais do povo potiguar, que resultaram em descobertas inéditas como os romanceiros populares, que ainda não tinham sido registrados por qualquer outro pesquisador brasileiro.