Na semana passada, os biólogos do projeto resgataram mais um peixe-boi (Foto: Solange Santos/UERNTV)
Uma tartaruga oliva, cuja espécie está em extinção, foi devolvida ao mar por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), depois de ter ficado seis meses na Base de Tratamento de Animais Marinhos, do Projeto Cetáceos da Costa Branca, na praia de Upanema, em Areia Branca. A tartaruga foi encontrada com uma nadadeira amputada, provavelmente por ter ficado presa em uma rede de pesca e não tinha mobilidade no mar. O tratamento deu resultado e o animal foi devolvido para viver com os de sua espécie. A operação durou pouco tempo.
A tartaruga foi cuidadosamente transportada em um veículo até a praia de Morro Pintado de onde foi levada em um barco até o mar. A soltura ocorreu numa distância de 150 metros da praia e foi comemorada pela equipe de biológos e outros participantes do projeto, inclusive da comunidade. “Nos últimos 5 anos, já foram devolvidos 60 animais ao mar”, calcula entusiasmado, o coordenador do projeto, professor Flávio Lima, fazendo apelo às pessoas que encontrarem qualquer animal encalhado para que não toquem neles. A providência é acionar a equipe do projeto que fica de plantão na base de tratamento.
A Base avançada de Areia Branca é a única do Estado que faz resgate de baleias, peixes-boi, golfinhos, tartarugas e aves marinhas de toda espécie. Na semana passada, foi resgatado mais um peixe-boi, o 11° numa temporada que vai de outubro do ano passado até agora. O animal é um filhote de aproximadamente três semanas, da espécie de peixe-boi marinho que também está criticamente ameaçado de extinção.
“Ele está fisicamente bem”, atesta o professor Flávio Lima, esclarecendo que está sendo feito um monitoramento sistemático nas praias do litoral oeste do Rio Grande do Norte ( Costa Branca) ao litoral leste do Ceará, àrea de abrangência do projeto, para localizar a mãe do filhote que foi resgatado na praia do Rosado (Areia Branca). Se as buscas não derem resultado, o filhote só será devolvido ao mar depois que completar dois anos. Ele continuará por um período sendo cuidado na base da UERN e depois deverá ser transferido para Aquasis, a única instituição licenciada para o atendimento de encalhes de mamíferos marinhos no Ceará.
Toda operação de devolução da tartaruga oliva foi acompanhada pelo reitor Pedro Fernandes. ” Esse projeto é importante para a UERN pelo trabalho dos nossos pesquisadores e, principalmente, pelo envolvimento de pessoas da comunidade”, afirma o reitor Pedro Fernandes que já apresentou o projeto Cetáceos da Costa Branca aos parlamentares federais do Rio Grande do Norte. Acompanhado do professor Flávio Lima, o reitor levou gravações do encalhe de 30 golfinhos na praia de Upanema quando foram salvos mais de 80% dos animais, superando a média mundial que é de 20%.
Projeto Implantará base de tratamento de animais vítimas de acidentes por vazamento de petróleo
No ano passado, mais de 100 filhotes de tartarugas foram soltos na praia de Upanema (Foto: Erivan Silva)
O projeto Cetáceos da Costa Branca foi criado há 17 anos pela UERN em parceria com a Petrobras. Além da Base de tratamento em Areia Branca, há um ano e meio foi inaugurado no Campus Central, em Mossoró, o Laboratório de Monitoramento de Biota Marinha/Projeto Cetáceos da Costa Branca que realiza estudos e monitoramentos sobre a biodiverisidade de animais marinhos, interações entre esses animais e as atividades humanas, assim como avalia e tenta diminuir os impactos sobre os ambientes onde eles vivem.
O laboratório conta com espaço para necropsias de animais mortos encalhados na área de abrangência do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP) indicando a causa da morte dos animais. Conta ainda com sala de preparação e análises de material biológico coletado para as análises e laudos, coleção científica de mamíferos marinhos e escritório para pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação.
Esse trabalho será ampliado com a implantação de uma unidade de atendimento emergencial de animais vítimas de acidentes em vazamentos de petróleo. Será a segunda unidade do país. A primeira fica na Universidade Federal de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Será para atendimento de emergência, uma espécie de Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para socorrer os animais atingidos por vazamentos nas àreas de produção e beneficiamento de petroleo.
A Unidade atenderá toda a área da Bacia Potiguar. A Base funcionará em um anexo ao laboratório de biota marinha, numa parceria também da Petrobras.
Fonte: Portal Uern