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Animal apresentava três lesões causadas por hélice — uma próxima ao crânio e duas na carapaça, a parte superior do casco — além de quadro de pneumonia (Foto: Reprodução/Cemam)

Tartaruga atingida por embarcação em Fernando de Noronha chega em Areia Branca para tratamento

Uma tartaruga-verde juvenil que ficou ferida após ser atingida por uma embarcação em Fernando de Noronha, chegou ao Rio Grande do Norte de avião no fim de semana para receber tratamento e os cuidados veterinários necessários. A notícia e do g1 RN.

O tratamento tem sido realizado pelo Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (Cemam) e pelo Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PCCB-Uern).

O animal foi transferido em uma operação que envolveu a Fundação Pró-Tamar e contou com apoio da Força Aérea Brasileira (FAB). O voo com a tartaruga pousou no sábado, 16, na Base Aérea de Natal e foi recebida por equipes do Cemam e do PCCB.

De acordo com os especialistas dos dois projetos, operações aéreas de transporte de animais marinhos não são comuns.

Segundo os veterinários, o animal apresentava três lesões causadas por hélice — uma próxima ao crânio e duas na carapaça, a parte superior do casco — além de quadro de pneumonia.

Apesar da gravidade, a maior lesão, na carapaça, não atingiu a cavidade celomática, o espaço corporal do animal onde estão alojados os órgãos internos, como os pulmões e os órgãos digestivos. Dessa forma, há uma boa perspectiva para a recuperação da tartaruga.

Segundo os projetos que cuidam do animal, o exame clínico também mostrou bom escore corporal – que tem relação com a massa corporal e a nutrição -, hidratação adequada, reflexos preservados e estímulos motores mantidos.

Recuperação de seis meses a um ano

A equipe informou que iniciou exames como raio-x e coleta de sangue, e a recuperação pode levar de seis meses a um ano, com possibilidade de cirurgia.

No domingo, 17, a tartaruga foi encaminhada para o Centro de Reabilitação de Fauna (CRF), do PCCB-Uern, em Areia Branca, cidade distante cerca de 300 km de Natal, onde ficará em acompanhamento intensivo.

Segundo as entidades, o animal será mantido fora d’água, mas já iniciou a oferta alimentar. Para esta semana, está previsto a realização de exame de ultrassonografia para avaliação da função respiratória.

“É um caso extremamente grave, mas estamos empenhados em oferecer todo o suporte possível. Cada vida marinha importa, e operações como esta reforçam o papel do RN como referência no atendimento de fauna marinha no Nordeste”, afirmou o professor Flávio Lima, coordenador do PCCB-Uern.

A espécie exerce função ecológica importante, auxiliando no equilíbrio dos ecossistemas costeiros. No litoral potiguar, encontra áreas de alimentação, enquanto em locais como Fernando de Noronha realiza a desova.

“Proteger a vida marinha é proteger o futuro das nossas comunidades costeiras. Este é um esforço coletivo, e cada parceria fortalece a nossa capacidade de salvar vidas e preservar os oceanos”, disse Daniel Solon, presidente do Cemam.

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