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Governadora Fátima Bezerra, presente no ato de assinatura do acordo

Senai-RN, ISI-ER e Codern firmam acordo de cooperação que impulsiona projetos para o offshore em Areia Branca

O Senai do Rio Grande do Norte, o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e a Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) assinaram, nesta terça-feira, 28, um acordo de cooperação técnica e científica que abre caminho, no Estado, à ampliação de projetos de pesquisa e educação voltados à energia eólica offshore.

O acordo prevê a instalação de uma base tecnológica do Senai e de infraestrutura de ensino, com salas de aula, no município de Areia Branca – já centro de outras investidas da instituição de olho nessa indústria.

Agora, segundo as partes envolvidas, o objetivo é a expansão de estudos com foco na Margem Equatorial brasileira, a realização de atividades de formação profissional e empresarial ligadas à nova fronteira energética, além de ações relacionadas ao contexto socioambiental. Uma área na região, pertencente à Codern, será cedida ao Senai com essa perspectiva.

Impulso

“Nós estamos projetando um espaço para o gerenciamento da implantação da nossa planta-piloto – o primeiro projeto de energia eólica offshore do Brasil a receber licença prévia do Ibama – e para que possamos não só intensificar pesquisas sobre esse recurso energético, mas também capacitar pessoas e empresas, com vistas ao desenvolvimento de recursos humanos e de uma cadeia nacional de fornecedores para atender a essa nova indústria”, disse o diretor do Senai-RN e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello. O início das atividades de qualificação está previsto para o próximo ano.

A área cedida está localizada a 330 km da capital, Natal, e, segundo o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, Antonio Medeiros, vai abrigar dispositivos para capacitação das comunidades que serão beneficiadas com a chegada da energia eólica offshore e infraestrutura do projeto-piloto concebido para pesquisas.

Na área de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I), o espaço servirá como base de apoio para a ampliação de atividades como coleta de dados anemométricos – a exemplo de velocidade, direção e outras variáveis do vento -, de dados meteoceanográficos (ou seja, de informações meteorológicas e oceanográficas), envolvendo ondas, correntes e marés, além do desenvolvimento de novas investidas do SENAI, como projetos e instalações exploratórias de tecnologias de transmissão de energia em condições subaquáticas. A cessão se dará em regime de comodato por um prazo inicial de 20 anos.

A formalização da parceria foi realizada em São Paulo, no Brazil Windpower, principal evento do setor de energia eólica na América Latina. Este é o segundo acordo de cooperação firmado entre as instituições. O primeiro, de 2021, possibilitou ao Senai dar início a medições do potencial eólico offshore e a testes com novas tecnologias voltadas ao setor, nas imediações do Porto-Ilha de Areia Branca.

À época, o terminal – que é o principal ponto de escoamento do sal do Brasil e atualmente é operado pelo consórcio Intersal – era administrado pela Codern. “Agora, serão expandidas as perspectivas de parcerias”, disse o diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, Rodrigo Mello.

O diretor-presidente da Codern, Paulo Henrique Macedo, também destacou a importância da parceria. “Essa parceria marca um novo capítulo para a Codern e para o Rio Grande do Norte. A área em Areia Branca, que antes era utilizada para atividades operacionais ligadas ao Porto-Ilha, passa agora a integrar um esforço conjunto com o Senai-RN e o ISI-ER em prol da pesquisa, inovação e formação de profissionais para o setor de energia eólica offshore”, disse ele e complementou: “A Codern não apenas apoia, mas participa ativamente dessa iniciativa, reforçando seu papel como parceira estratégica no desenvolvimento sustentável e tecnológico do estado. Com isso, contribuímos para gerar conhecimento, qualificação e novas oportunidades em uma das fronteiras mais promissoras da economia potiguar e brasileira, além de reafirmar nosso compromisso em estimular o avanço da energia eólica offshore na Margem Equatorial, consolidando o Rio Grande do Norte como referência nacional nessa nova matriz energética”.

Vanguarda

Presente no ato de assinatura do acordo, a governadora Fátima Bezerra (PT) disse que a planta-piloto do Senai-RN alça mais uma vez o Rio Grande do Norte à posição de vanguarda no setor de energia. “E nada mais desejável do que ter uma área destinada, por meio dessa parceria com o governo federal, através da Codern, a fortalecer e fazer prosperar esse projeto-piloto no mar”, disse Fátima, acompanhada do Secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Alan Silveira, e do diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), Werner Farkatt. “Imagine o ganho disso para Areia Branca, para o Rio Grande do Norte, o Nordeste e o Brasil”, complemento a governadora.

A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), Élbia Gannoum, destacou o pioneirismo da planta-piloto e pontuou que, com ela, o Brasil vai concretizar a energia eólica offshore. “E quando você faz um projeto desse tamanho, você traz um efeito para a economia como um todo, então precisamos preparar toda essa mão de obra, toda a região para esse desenvolvimento que está vindo”, disse ela.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Reciclagem e Descartáveis do Rio Grande do Norte (SindRecicla-RN) e diretor 2º secretário da Federação das Indústrias do Estado (Fiern), Etelvino Patrício, que participa do Brazil Windpower representando o presidente da Federação, Roberto Serquiz, avaliou o avanço do projeto como um “momento histórico para o Rio Grande do Norte”. “Essa é uma atividade nova, uma tecnologia nova. Temos que ser arrojados e esperar que seja o primeiro projeto entre muitos que possam vir e que a gente possa realmente ser destaque no Brasil e fazer bom uso dessa energia também dentro do estado”, frisou ele.

Saiba mais — Energia eólica offshore

A energia eólica offshore é a “energia dos ventos” gerada com turbinas eólicas instaladas no mar ou em grandes mananciais de água. Estudos desenvolvidos pelo ISI-ER mostram que o potencial para futura geração dessa energia chega a 54,5 gigawatts (GW) no Rio Grande do Norte e seria suficiente para suprir cerca de ⅓ de toda a energia elétrica brasileira em 2020 (aproximadamente 651 TWh).

Os primeiros complexos eólicos dessa nova fronteira estão com processos de licenciamento ambiental abertos no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Uma série de investimentos no setor foi sinalizada para as regiões Nordeste, Sul e Sudeste do país, tendo como foco os estados do Rio Grande do Sul, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Piauí, Espírito Santo, Maranhão e Santa Catarina.

A planta-piloto que o Senai-RN projetou para Areia Branca, no Rio Grande do Norte, foi o primeiro desses complexos a receber licença prévia. Com o empreendimento, serão desenvolvidos estudos e tecnologias que ajudem a nortear investimentos do setor.

Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, o objetivo com a planta será analisar o desempenho dos equipamentos de geração de energia eólica offshore em condições do mar equatorial brasileiro. Segurança e função, desempenho de potência, cargas mecânicas, ruídos, suporte e afundamento de tensão, além da qualidade da energia, poderão ser avaliados na área.

Além disso, a perspectiva é estudar, entre os aspectos fundamentais, se a instalação de usinas eólicas offshore provocará alterações no comportamento dos animais marinhos e das aves, mudanças na flora marinha, no fundo do mar, nas atividades existentes na área, na geração de empregos, no potencial de crescimento da economia, além da necessidade de cursos profissionalizantes.

O Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis prevê a instalação de dois aerogeradores, com potência somada de 24,5 megawatts (MW), a uma distância de 15 a 20 quilômetros da costa, a uma profundidade de 7 a 8 metros no mar.

A área, localizada a 4,5 km do Porto-Ilha de Areia Branca, é considerada rasa e, segundo estudos desenvolvidos pelo ISI-ER, está distante de recifes de coral e das tradicionais zonas de pesca.

A energia gerada vai abastecer o porto, substituindo o uso de combustíveis fósseis na operação do terminal, com a consequente redução das emissões de gases de efeito estufa. Como resultado, disse Rodrigo Mello, o Porto-Ilha será o primeiro porto do Brasil a funcionar 100% com energia renovável.

Fotos: Divulgação/Fiern

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