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São Miguel do Gostoso cria sua própria moeda para impulsionar a economia local; dinheiro está em circulação na cidade há um mês

gostoso2Cédula de 10 gostosos, o equivalente a uma nota de R$ 10  

Os moradores do município de São Miguel do Gostoso (no litoral do Rio Grande do Norte, a 134 km de Natal) passaram a contar com uma nova moeda, que está circulando há um mês nas ruas da cidade. O gostoso é uma moeda social criada pelo banco comunitário e aceito em vários estabelecimentos da cidade. A ideia de criar o banco comunitário veio das próprias associações do pequeno município no litoral potiguar. Com o dinheiro próprio, a meta é estimular o consumo e fortalecer a economia local.

“Está totalmente proibida a troca ou negociação desta moeda social por dinheiro. Ela só poderá ser utilizada como meio de bonificação, na aquisição de mercadorias, por serviços, com comércio ou pessoas conveniadas ao Banco Solidário de Gostoso”. As normas de utilização estão imprensas em cada uma das centenas de notas de 50 centavos, 1, 2, 5 e 10 gostosos, cédulas que circulam no comércio de São Miguel do Gostoso.

O município foi o primeiro do Rio Grande do Norte a aderir a um projeto desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, consequentemente, pioneiro a utilizar uma moeda própria como incentivo à economia local. “Nossa moeda tem valor agregado. A ideia é que os lojistas do município usem este dinheiro como complemento de renda, beneficiando seus funcionários, empregados e estimulando o nosso comércio”, explicou João Eudes Rodrigues, presidente da Associação de Mulheres, Jovens e Produtores de Tabua (AMJP), entidade gestora do Banco Solidário do Gostoso. “Sim. Também temos um banco”, acrescentou.

João Eudes explicou que, para o município criar o Banco Solidário do Gostoso, foi preciso mais de um ano de discussões. “Trata-se de uma iniciativa da UFBA. Existe um projeto chamado Incubadora Tecnológica de Economia Solidária e Gestão do Desenvolvimento Territorial (ITES), programa desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia, que executa ações do Governo Federal através da Secretaria Nacional da Economia Solidária”, disse ele. Ainda de acordo com o presidente, a proposta é a implantação de seis bancos semelhantes no Nordeste. “No Rio Grande do Norte nós fomos o primeiro”, orgulhou-se.

Gostoso no nome e na moeda

gostoso1Na cédula de 50 centavos tem a imagem do caju

“1 gostoso vale um real. E as notas tem total segurança”, disse João Eudes. O presidente da AMJP contou que as notas foram confeccionadas em pepel especial, semelhantes ao da moeda oficial do país. “Elas foram feitas pela mesma empresa que faz o real. Tem, inclusive, alguns dos mesmos itens de segurança que o dinheiro convencional tem, como numeração de série e marca d’água”, revelou.

Para cada valor impresso, foram escolhidas figuras que caracterizam o município. “Os desenhos foram selecionados a partir de muita discussão no conselho gestor do banco. Nossa ideia foi estampar coisas que nos representassem”, disse João Eudes. “Na cédula de 50 centavos tem a imagem de um caju, fruta típica da nossa região. Na de 1 gostoso tem a feira agroecológica. Na de 2 gostosos foi impresso a Tabua, planta aquática que serve para se fazer artesanato e que dá o nome à comunidade onde fica o banco. Na de 5 gostosos tem a figura de um pescador, símbolo da pesca. E na de 10 gostosos existe o Boi de Reis, trazendo a nossa dança tradicional”, explicou.

Com o banco, os moradores têm acesso a pequenos créditos de até 150 gostosos. O valor pode ser pago em até três vezes, sem nenhuma cobrança de juros.São Miguel do Gostoso RNSão Miguel do Gostoso, um destino muito procurado pelos turistas 

Os recursos do banco ajudam a fomentar compras e pequenos investimentos. “Mas nem tudo é gostoso. Há também empréstimos em real, que podem ser feitos para quem vai comprar em outra cidade”, diz Diogo Ferreira Rêgo, que apoiou a criação do banco social potiguar.

Segundo a AMJPT, 1.000 gostosos estão em circulação na cidade. Conforme as regras definidas no estatuto, cada gostoso vale R$ 1. A moeda é aceita por estabelecimentos que assinaram um convênio e passaram a receber  a moeda como forma de pagamento por compras e serviços. (Com informações dos portais G1/RN e UOL).

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