O tempo é inexorável, mas o legado de 86 anos de história do emblemático Francisco Souto Sobrinho (Souto Sobrinho, nos meios artístico e profissional, e “Chico de Janjão”, no seio familiar) não foi sepultado com a matéria nesta sexta-feira, 23, às 16h, no cemitério Público São Sebastião.
Uma feliz ideia da prefeitura de Areia Branca possibilitará que as memórias do saudoso educador e ex-funcionário público municipal que galgou os mais elevados cargos durante sua trajetória de quase 50 anos convivendo com o poder, em nível local, sejam preservadas. No final do ano passado a Fundação Areia Branca de Cultura (Fundac) iniciou um projeto com o objetivo de registrar em vídeo a cultura viva da cidade.
De acordo como a ideia foi concebida, com o aval do prefeito Manoel Cunha Neto, “Souza” (PP), nesse primeiro momento serão feitas 50 entrevistas de pessoas da comunidade, com vasta experiência de vida e conhecimentos da história e da cultura locais. Em virtude do seu estado de saúde debilitado, Souto Sobrinho encabeçava essa lista, onde constam nomes como o escritor e folclorista Deífilo Gurgel, escritor e pesquisador José Jaime Rolim, Antônio Silvério, ex-prefeitos, médicos, educadores e cidadãos comuns que guardam verdadeiros tesouros no baú da memória.
A entrevista com Souto Sobrinho foi feita em novembro de 2009. A filmagem tem cerca de duas horas de duração, num bate papo descontraído onde o entrevistado narrou toda a sua trajetória e enriqueceu o trabalho com relatos emocionantes sobre a Areia Branca de ontem e seus encantos inesquecíveis.
A entrevista de Souto Sobrinho, assim como as demais que serão seqüenciadas no início do mês de maio, será editada e transformada em DVD. Os vídeos ficarão disponíveis à comunidade, principalmente os estudantes, na Biblioteca Pública Municipal José Justiniano Solon. E posteriormente ganhará espaço no futuro Museu da Imagem e do Som que a atual gestão pensa em instalar.
O professor Souto Sobrinho faleceu às 16h da quinta-feira, no Hospital Dix-sept Rosado, em Mossoró. Segundo o laudo expedido pelo médico que o atendeu, a causa da morte foi insuficiência respiratória. Além de educador, durante décadas Souto Sobrinho respondeu pela chefia de Gabinete dos prefeitos que assumiram o mandato a partir da década de 70. Tinha trânsito livre nos governos de Tarcísio Maia, Lavoisier Maia, José Agripino, Wilma de Faria e cultivava amizades com pessoas influentes na política. Membro de uma das mais tradicionais famílias da região, a família Souto, nome ligado ao comércio de sal, mas com ramificações nos diversos segmentos empresariais.