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Pesquisa mostra que 87% dos brasileiros estão insatisfeitos com os serviços prestados pelo SUS

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Realidade da saúde pública no Brasil: a imagem dá a dimensão do caos (Foto: Ilustrativa)

Uma pesquisa do Datafolha divulgada ontem, 19, mostra que 87% dos brasileiros estão insatisfeitos com os serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento foi encomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Paulista de Medicina (APM).

Os pontos mais críticos em relação ao SUS estão relacionados ao acesso e ao tempo de espera para atendimento. A pesquisa revela que apenas dois entre cada dez entrevistados (20%) conseguiram ser atendidos em até um mês na rede pública, enquanto quase metade da população enfrenta espera de um a seis meses.

Segundo os dados, 57% dos entrevistados apontam a saúde como tema prioritário para o governo federal. Foram ouvidas 2.418 pessoas entre os dias 3 a 10 de junho, 60% delas residentes no interior.

Gestão

Para o presidente do CFM, Roberto D’ Ávila, os números demonstram problemas de gestão e de má aplicação de recursos. “Em 40 anos de profissão, nunca vi um estado de total sucateamento como o atual, tantos pacientes pelo chão dos hospitais. Isso porque, desde 2005, 25 mil leitos foram fechados, 13 mil só nos últimos três anos”, disse.

Como médico aposentado do SUS, ele destaca o gerenciamento da rede pública de saúde como o principal gargalo. “Há desperdício, fraude e corrupção, que precisam ser corrigidos por um gerenciamento competente”, acrescentou. Na avaliação dele, não faltam verbas e o SUS estaria operando subfinanciado por falta de vontade política.

O deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), ex-ministro da Saúde no governo Lula, informa que, desde a criação do SUS, todos os governos têm concentrado esforços na ampliação do sistema, em prejuízo do custeio de atendimentos e procedimentos prestados na rede pública. “O governo federal vem ao longo dos anos, desde 1988, destinando a grande maioria dos recursos para investimentos, ou seja, cada vez mais construindo Upas [Unidades de Pronto Atendimento], mais unidades básicas de saúde, e quando você chega lá não tem pediatra, clínica medica e material”, disse.

Para Felipe, a melhoria dos serviços prestados no SUS esbarra ainda na falta de recursos. “Com a pretensão do SUS de atendimento universal e integral, o Brasil precisa gastar mais. Em qualquer País do mundo que pretende assegurar esse tipo de atendimento, o gasto público em saúde corresponde a 70% do gasto total. Aqui, o setor público investe apenas 44% do volume total gasto com saúde”, completou. Proposta de iniciativa popular conhecida como Saúde+10 determina que 10% das receitas correntes brutas da União sejam destinadas a ações e serviços públicos de saúde. A medida (PLP 123/12) está em análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

Propostas na Câmara

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Conseguir marcar uma consulta numa unidade do SUS é uma verdadeira via crucis (Foto: Reprodução) 

Outros textos em tramitação na Câmara dos Deputados apresentam sugestões para resolver ou, pelo menos, amenizar parte dos problemas da saúde no País. Uma das propostas, por exemplo, estabelece o prazo máximo de 30 dias para que as unidades do SUS realizem exames diagnósticos e executem procedimentos necessários à saúde dos pacientes. A sugestão, prevista no Projeto de Lei 3752/12, é do deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF). “A minha visão de médico do SUS é que, no início, eu conseguia atender pela manhã e fazer um cateterismo [exame] à tarde. Hoje isso é impossível”, declarou o presidente da CFM.

O levantamento mostra ainda que mais da metade dos entrevistados que buscaram serviços médicos considera difícil ou muito difícil conseguir atendimento, especialmente no caso de cirurgias, atendimento médico domiciliar e procedimentos específicos como hemodiálise e quimioterapia. A percepção mais negativa está em serviços de emergência em prontos-socorros, principal “porta de entrada” do sistema.

Fonte: Agência Câmara Notícias

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