As atuais oposições areia-branquenses dominaram a política local durante quatro mandatos consecutivos até que, em 1996, uma dupla apareceu para pôr um fim a dezoito anos dessa supremacia e dar início a um novo tempo. Era a vez de Souza e Bruno.
Desde então, na história política de Areia Branca, esses dois nomes vêm ocupando as posições de maior destaque. Bruno foi duas vezes prefeito e, agora, é vice de Souza. E este foi duas vezes vice de Bruno e, atualmente, está no segundo mandato como chefe do executivo municipal. Os bacuraus já não têm uma só cor. É que, entre eles, quem não é Souzista, é Brunista. Quem não veste amarelo, veste verde. Vive-se um dualismo.
O bacurau, portanto, deixou de existir como uma figura holística. Houve uma bipartição que gerou duas correntes dominantes e claramente perceptíveis no bloco governista: o Souzismo e o Brunismo. É certo que existem também alguns grupos pequenos, mas todos são agregados a um ou a outro desses sistemas maiores. O fato é tão evidente que se pode dizer que o eleitor não tem dado importância a qual sigla partidária têm pertencido esses dois líderes. E eles teriam vencido as últimas quatro eleições independentemente do partido a que estivessem filiados. Bruno, certamente, não teria perdido se não fosse do PMDB e, muito menos, Souza, se não fosse do PP. Os bacuraus de agora não votam mais em partido.
Não se está tratando aqui de falar de uma diarquia. Fala-se de uma preferência popular, pois tudo isso, na verdade, foi uma escolha do povo. Foi ele quem quis que fosse dessa forma. E continua querendo. Hoje o cidadão areia-branquense não consegue vislumbrar um comando situacionista em que não haja, nitidamente, um nome que represente Souza e outro, Bruno. E é exatamente por essa razão que os dois se têm mantido firmes na formação desse dueto vencedor. Como homens inteligentes, perceberam precocemente essa realidade. E não fizeram nada além de cumprir uma exigência da Política, que só se permite conduzir pela inteligência.
Assim sendo, no subconsciente popular do areia-branquense, não se vê uma candidatura de Bruno em 2012 sem um companheiro de chapa que demarque o terreno de Souza. E o inverso é verdadeiro. É uma dualidade necessária, um dogma político que os bacuraus exigem para continuar crendo que ainda podem sobreviver como um sistema uno.
De Areia Branca, Marcelo Almeida
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