As aulas da turma de Emanuela Medeiros começaram na última segunda-feira, 17, na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró, mas a adolescente não estava lá. Ela morreu aos 16 anos em novembro do ano passado depois de bater a cabeça no chão ao cair durante uma brincadeira na escola. Três meses após a tragédia, os pais da jovem falam da dificuldade que ainda enfrentam para tocar a vida sem a filha. “Muita saudade”, resumiram, emocionados, Manoel da Costa e Maria Rita.
A “brincadeira” que vitimou Emanuela é conhecida como “roleta humana” e viralizou em vídeos que circulavam na internet à época. Durante uma espécie de cambalhota, a adolescente caiu e bateu a cabeça no chão. Ela teve traumatismo craniano.
Na semana passada, com o início deste ano letivo, novos vídeos em que adolescentes aparecem brincando de derrubar uns aos outros no chão dentro de escolas começaram a circular nas redes sociais e a preocupar pais e mães. Especialistas ouvidos pelo G1 alertaram para os riscos.
Desta vez, a prática, que também envolve três pessoas, ficou conhecida como “desafio da rasteira” ou “desafio quebra-crânio”.
A repercussão dos vídeos fez com que profissionais e entidades se manifestassem. A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) emitiu uma nota alertando pais e educadores sobre o perigo de lesões irreversíveis ao crânio e à coluna vertebral.
“A vítima pode sofrer danos no desempenho cognitivo, fratura de vértebras, perder movimentos do corpo e até morrer”, diz o comunicado.
Preocupados, os pais de Emanuela fazem um apelo: “Pedimos aos adolescentes que não participem dessa brincadeira, não brinquem disso. Isso pode matar”.
Morte após “brincadeira”
Três meses após a morte de Emanuela, os pais da adolescente falam da saudade e do vazio. “Lembro dela a todo momento. É muita saudade”, conta o pai. A mãe diz que também sente falta da filha no cotidiano da casa. “Ela me ajudava muito. O coração tá apertado, muita tristeza.”
Emanuela cursava o 9º na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró, Oeste potiguar. Depois do acidente, foi internada no dia 8 de novembro e teve a morte confirmada no dia 11. Em 2020, cursaria o 1º ano do ensino médio – ela planejava ser enfermeira.
Dona Maria Rita conta que, depois da queda, o diretor da escola levou a adolescente para a casa dela, para que buscasse os documentos e fosse ao hospital em seguida.
A mãe recorda: “Ela falou comigo, disse que estava com dor de cabeça. Quando entramos no carro para ir ao hospital, não falou mais. No hospital eu passei o dia chamando por ela”.
Seu Manoel lembra que estava no centro da cidade pagando contas quando recebeu a ligação do filho, informando que Emanuela estava internada. “Saí correndo. Cheguei lá e ela não tinha reação. Eu disse à médica ‘doutora, tenho certeza que minha filha não está mais viva'”, relata o pai.
Ele alerta: “Peço aos diretores e professores que tenham atenção com esse tipo de brincadeira. Quero alertar também a cada pai que converse com os seus filhos. O que aconteceu com minha filha pode acontecer com qualquer filho”. (Com informações G1 RN).