
Desde os primórdios da política em Areia Branca, a mulher nunca esteve tão em alta como nos últimos quatro anos. Foram décadas de domínio absoluto dos homens, até que em 2012 a fisioterapeuta Luana Bruno (PMDB) se tornou a primeira mulher eleita prefeita do município.
A prefeita Luana Bruno não concluiu o mandato. Em maio deste ano, ele foi cassada pela Câmara Municipal de Areia Branca e a missão de comandar o município nos sete meses restantes do mandato, recaiu sobre a vice-prefeita Lidiane Garcia (PMN), atual gestora.
Repetindo 2012, nas eleições municipais de 2 de outubro de 2016 os areia-branquenses elegeram outra mulher para governar o município nos próximos quatro anos, a partir de janeiro de 2017. Trata-se da servidora pública federal Iraneide Rebouças (PSD).
Curiosamente as três prefeitas são profissionais da área da saúde: Luana Bruno é fisioterapeuta e Lidiane e Iraneide são enfermeiras.

Além de ascensão ao mandato Executivo, a mulher areia-branquense também voltará a ter representatividade na Câmara Municipal. Na recente eleição a professora Rebeca Melo (PTN) conquistou uma das 11 vagas para a legislatura 2017-2020. Em síntese: as mulheres venceram de cabo a rabo no pleito eleitoral deste ano.
Pioneira
A potiguar Luíza Alzira Soriano Teixeira foi a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina. Tomou posse no cargo em 1º de janeiro de 1929. Viúva, Alzira Soriano disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para a Prefeitura de Lajes (RN), pelo Partido Republicano, e venceu com 60% dos votos, quando as mulheres nem sequer podiam votar.
Mas foi pouco tempo de administração, apenas sete meses. Com a Revolução de 1930, Alzira Soriano perdeu o seu mandato por não concordar com o governo de Getúlio Vargas. A responsável pela indicação de Alzira como candidata à Prefeitura de Lajes foi a advogada feminista Bertha Lutz, uma das figuras pioneiras do feminismo no Brasil.

A administração de Alzira Soriano à frente da Prefeitura de Lajes resultou na construção de novas estradas, como a que fazia a ligação entre os municípios de Cachoeira do Sapo e Jardim de Angicos. Ela também construiu mercados públicos distritais, fez escolas e cuidou da iluminação pública a motor.
Somente com a redemocratização, em 1945, Alzira Soriano voltou à vida pública, como vereadora do município de Jardim de Angicos, onde nasceu. Foi eleita por mais duas vezes consecutivas, liderando a União Democrática Nacional (UDN). Chegou à presidência da Câmara de Vereadores mais de uma vez. Aos 67 anos, Alzira morre em 28 de maio de 1963 por complicações de um câncer.