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Mirabô Dantas: meio século trilhando os caminhos da música (Foto: Reprodução)

Mirabô Dantas: cantor, compositor e escritor areia-branquense comemora 70 anos de idade e 50 de carreira

Mirabô Dantas: meio século trilhando os caminhos da música (Foto: Reprodução)
Mirabô Dantas: meio século trilhando os caminhos da música (Foto: Reprodução)

A música potiguar está em festa. Neste sábado, 11, é comemorado o aniversário do cantor, compositor e escritor Mirabô Dantas. São 70 anos de idade e 50 de carreira. As comemorações pela data iniciaram na sexta-feira, 10, com um show no Bardallos Comida & Arte, em Natal.

Natural de Areia Branca (RN), Mirabô Dantas é um artista com muitas histórias. Dono de uma volumosa bagagem musical, além dele próprio tem canções gravadas por grandes nomes do cenário musical brasileiro.

No show de sexta-feira, no Bardallos Comida & Arte, Mirabô recebeu convidados que o homenagearam pelo aniversário e também pelos 50 de carreira.

O portal Substantivo Plural (http://www.substantivoplural.com.brpostou uma entrevista do artista areia-branquense que segue transcrito na íntegra. Confira o texto assinado pelo jornalista Tácito Costa:

Uma das figuras mais conhecidas e respeitadas do meio musical potiguar, Mirabô gravou o CD Mares Potiguares e escreveu Umas histórias, Outras Canções. Foi gravado por artistas como Terezinha de Jesus, Elba Ramalho e Lecy Brandão e tem parcerias com Capinam, José Nêumane Pinto e Maurício Tapajós, entre outros.

No livro, descreve a trajetória musical, que inclui passagens por São Paulo e Rio de Janeiro na década de 1970, parcerias importantes e convivência com artistas hoje famosos, como Fagner, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho.

Mirabô e o inseparável companheiro, o violão (Foto: Helis Verônica)
Mirabô e o inseparável companheiro, o violão (Foto: Helis Verônica)

Nesta entrevista, Mirabô fala sobre o show (de sexta-feira), a vida artística e pessoal. Confiram.

O show de sexta-feira à noite no Bardallos marca seus 50 anos de carreira. Como será essa apresentação?

É uma celebração onde junto amigos, alguns músicos, e aproveito a oportunidade para cantar algumas composições já conhecidas e algumas inéditas.

Que músicas do seu repertório não podem faltar em um show seu?

A Quem Interessar Possa e Mares Potiguares.

Apesar do reconhecimento no meio artístico potiguar, você gravou pouco. Por quê?

Porque nunca dei muita importância ao fato de ser compositor. Nunca achei que faria uma carreira de cantor. Na verdade não fiz.

Qual balanço você faz da sua carreira?

Não tive carreira artística, fiz muita coisa ao mesmo tempo: fui bancário, trabalhei no serviço público, toquei na noite, fiz trilha sonora pra teatro e cinema, desenhei, escrevi um livro. Nunca me dediquei a uma coisa só.

Acha que sua trajetória como artista poderia ter sido diferente?

Poderia mas não projetei nada. Fiz o que ia pintando na minha frente.

Como avalia hoje suas passagens na década de 1970 por São Paulo e Rio Janeiro?

Acho que tudo valeu a pena. Só o fato de ir morar em duas cidades grandes me ensinaram, no mínimo, a sobreviver longe do ninho. Conheci pessoas, muitos artistas gravaram minhas composições, ingressei na luta sindical, tudo isso serviram-me de aprendizado pra a vida.

Quais planos e projetos faltam realizar?

Nunca avaliei se realizei ou não projetos de vida. Como disse fui fazendo o que me dava na cabeça, mas pretendo, ainda este ano, gravar um CD com músicas inéditas, juntar toda a minha produção musical num pendrive, preparar uma exposição de desenhos meus e lançar tudo junto em três apresentações públicas nas cidades de Natal, Mossoró e Areia Branca, onde nasci. O projeto está aprovado pela lei estadual de incentivo à cultura, estou em busca de patrocinador.

Que parceiros musicais você sentiu mais afinidade artística?

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Tenho afinidades com todos os parceiros com os quais compus. Normalmente componho com pessoas que de um modo geral tem a ver com o meu modo de pensar. Um ou outro diverge, às vezes politicamente, pois ninguém é igual, mas o que mais parece comigo é Jose Carlos Capinan, com quem já compus cerca de 13 canções, algumas gravadas por Fagner, Zeca Baleiro, Elba Ramalho, Terezinha de Jesus, entre outros.

Tem muita história legal no seu livro Umas histórias, outras canções. Uma delas aconteceu durante apresentação de Geraldo Azevedo no Rio, no Teatro João Caetano. No Rio, você conviveu não apenas com Geraldo, mas com Fagner e Zé Ramalho. Como era essa convivência?

Como morei no Rio de Janeiro durante anos, convivi com todos esses artistas que você citou. A maioria tornou-se meus amigos e muitos deles quando vem a Natal me procuram. Foi muito bom esse período onde todos estavam ainda no inicio de suas trajetórias musicais. Tenho orgulho de ter participado com eles de muitas estórias, muitas de glórias outras de puro sufoco. Mas todos sobrevivemos.

Qual avaliação faz da cena cultural, especialmente, a musical do Estado?

O nosso mestre Cascudo já dizia: “Natal não consagra nem desconsagra ninguém.” Não espero nada, apenas vou ‘vir vendo’.

Sente-se recompensado com o que a música lhe proporcionou?

Nunca esperei ser recompensado por minhas ações, meus feitos, meus experimentos, minhas artimanhas, mas o ideal seria que colocássemos todos os nossos fracassos nas paradas de sucesso. Acho que a música me deu o que ela merece. Dar esta entrevista a um jornalista respeitado como você, por exemplo, já é uma recompensa, valeu a pena.

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