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Edson Fernando relata saída da Ucrânia — Foto: Reprodução

Jogador que conseguiu fugir da Ucrânia com ajuda de outros brasileiros relata que “já pensava em desistir”

Edson Fernando relata saída da Ucrânia (Foto: Reprodução)

Após cinco dias de tentativas frustradas de fugir da guerra na Ucrânia pela fronteira com a Polônia, o jogador de futebol potiguar Edson Fernando, de 23 anos, conta que já pensava em desistir e voltar com seus amigos para a cidade ucraniana de Lviv, onde morava desde janeiro, quando foi encontrado por uma brasileira que entrou no país para ajudar outros compatriotas.

Ele finalmente conseguiu fugir da guerra no país ao atravessar a fronteira da Hungria na manhã desta segunda-feira,  28.

Em um vídeo, o jogador relatou as dificuldades enfrentadas com os amigos na fronteira, onde diz que passou fome e frio. Após dormir em um hotel no interior da Hungria, ele afirma que pretende seguir para a capital do país, Budapeste, para pegar um voo para o Brasil entre esta terça, 1º, e a quarta-feira, 2.

Depois do início da guerra na Ucrânia, na última quinta-feira, 24, Edson deixou a cidade de Lviv, no Oeste do país, ao lado do companheiro de equipe, Talles Brener, e Jéssika Ariani, namorada de Talles. Os três buscavam juntos uma solução para chegar à Polônia e retornar ao Brasil o quanto antes.

No entanto, os brasileiros passaram quatro dias na fronteira sem conseguir passar para o lado polonês. No relato, Edson afirma que eles passaram fome e frio, no período.

“A gente já estava exausto, já pensava em desistir e voltar para a nossa cidade, lá em Lviv. Já tínhamos andado duas horas a pé, com mala, paramos num posto para comer, onde ficamos por volta de duas ou três horas sentados em um frio enorme. A gente não tinha o que fazer, não podia entrar nos lugares e ficar, porque o pessoal da Ucrânia expulsava a gente”.

Segundo ele, o trio já esperava um táxi que iria levá-lo de volta para Lviv, mas o motorista não apareceu. Quando seus amigos saíram para comprar comida, encontraram a brasileira Clara Magalhães, que mora na Europa e se mobilizou com outros brasileiros que vivem no continente para criar a Frente BrazUcra, que visa ajudar compatriotas a saírem da Ucrânia.

Clara entrou no país com um carro e uma bandeira brasileira desenhada em um papelão – e foi assim que encontrou os amigos de Edson.

“Foi um anjo que apareceu em nossa vida”, comentou o jogador sobre a nova amiga.

Ainda de acordo com Edson, Clara sugeriu ao grupo de passageiros – formado também por um nigeriano e uma ucraniana – que eles tentassem sair do país pela fronteira com a Eslováquia.

O grupo seguiu estrada e passou por cerca de seis barreiras militares ao longo do caminho, até se deparar com uma fila de cerca de 40 km de veículos na fronteira com a Eslováquia.

Eles então decidiram seguir para a fronteira com a Hungria, onde encontraram uma fila com cerca de 4 km e decidiram esperar lá. O grupo passou 16 horas na fila.

“Essas 16 horas foram como 16 minutos para gente. A gente estava dentro do carro, bem alimentado, com pessoas que estavam tentando nos ajudar”, lembra Edson.

Edson Fernando, de 23 anos (ajoelhado) conseguiu sair da Ucrânia com outros brasileiros (Foto: Redes sociais)

Depois de conseguir passar pela fronteira, o grupo decidiu descansar em um hotel no interior da Hungria, para depois seguir para Budapeste, onde pretende pegar um voo para o Brasil.

Drama

O natalense Edson Fernando, de 23 anos, foi contratado recentemente pelo time de futebol ucraniano Rukh Lviv. Ele chegou ao país no fim de janeiro e estava participando de treinos e jogos amistosos da pré-temporada. Esperava estrear em um jogo oficial do time no fim de semana passado, para quando estava previsto o reinício do campeonato nacional – que estava paralisado por conta do inverno. Porém o início do ataque russo à Ucrânia suspendeu o campeonato.

Edson deixou a cidade de Lviv com um grupo de colegas atletas em busca de refúgio na Polônia. Eles fizeram parte do percurso a pé, mas quando chegaram na fronteira da Polônia não conseguiram entrar.

“Falaram que só iam entrar crianças e mulheres; ai começou um tumulto. Tivemos que sair da fila, não tínhamos o que fazer”, relatou no fim de semana. (Com informações g1 RN).

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