Até esta sexta-feira, 25, o público poderá conhecer as ideias inovadoras dos estudantes do ensino fundamental e médio das escolas que integram a Região Oeste do Estado. Ao todo, são 216 trabalhados selecionados entre 3.500 apresentados nas feiras de ciências escolares. É que foi aberta na noite de quarta-feira, 23, no Expocenter, no Campus sede da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), em Mossoró, a IX Feira de Ciências do Semiárido Potiguar.
A abertura contou com a participação do reitor da Ufersa, professor José de Arimatea Matos, e da prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarline (PP). A palestra de abertura foi com a estudante de Ciência e Tecnologia da Ufersa, Ekarinny Mirela Brito de Medeiros, de 19 anos, que repassou para os presentes sua experiência como jovem cientista ao ganhar por duas vezes a premiação nacional e uma internacional. “É algo gratificante e emocionante após três anos participando da Feira de Ciências do Semiárido hoje subir nesse palco como inspiração”, afirmou.
Para a jovem cientista, que durante toda a vida estudou em escola pública, também é muito inspirador poder olhar para a grande quantidade de estudantes fascinados pela ciência. “Acredito na educação, acredito na ciência como ferramenta eficaz de mudança social”, disse Ekarinny Brito. E para os participantes da Feira a dica é para “acreditar nos sonhos, que não seja qualquer obstáculo que possa atrapalhar a caminhada. Que tenham força, persistência e esforço para conseguir os objetivos”, deixou a dica.
Exemplo
Quem assistiu à palestra da jovem cientista pôde comprovar a determinação da estudante ao decidir participar da feira de ciência da Escola Estadual Hermógenes Nogueira, saindo do Conjunto Abolição IV, em Mossoró, para a Feira Internacional de Ciência e Engenharia, a Intel Isef, nos Estados Unidos, após ter sido premiada por duas vezes na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace).
Ao iniciar, Ekarinny agradeceu a conquista a todos os professores em nome da professora de biologia, Kiara, que a orientou nessa jornada iniciada em 2016, motivada por três amigos da escola, ela decidiu participar da feira de ciências. A partir daí, procurou entender o que é método científico e buscar um problema ainda sem solução. A primeira ideia foi transformar folhas secas do cajueiro numa embalagem de alimentos biodegradável, a embacaju. Com esse experimento venceu todas as fases chegando a Febrace, em São Paulo, conquistando o 2º lugar na área biológica, além de credencial para Mostra Tec, no Rio Grande Sul, conquistando o 1º lugar e, em 2018, participou como convidada de um Fórum Científico em Londres.
Em 2017, a embacaju é transformada em garrafa biodegradável, participando de todas as etapas da feira de ciências e conquistando pela segunda vez credencial para Febrace. E em 2018, a jovem cientista desenvolve um projeto ainda mais audacioso criando um cateter proveniente do aproveitamento do líquido da castanha do caju para prevenir infecção na corrente sanguínea. “Basicamente o que fiz foi um plástico com propriedades antimicrobianas a partir do líquido da castanha do caju”, resumiu. Esse experimento a credenciou para a Feira do Semi-Árido Potiguar (6 prêmios), para a Febrace (6 prêmios), culminado com a premiação na maior feira de ciência do planeta, a Intel Iself (2 prêmios), nos Estados Unidos. “A menina que saiu de uma escola pública do Conjunto Abolição conquistou o 1° lugar na Sociedade Americana de Patentes, e o 4º lugar na categoria Medicina Avançada, da Intel Iself”, contou, sendo aplaudida pelos demais estudantes que participam da Feira de Ciências do Semiárido Potiguar.
A trajetória da jovem estudante também é marcada por tristezas. Durante esse período de três anos perdeu a avó e também a mãe, ambas por enfarte, duas grandes incentivadoras de suas conquistas. “Não é sobre ganhar, sobre estar nesse palco, é sobre não desistir, encontrar na ciência, na educação, o caminho a seguir”, recomendou a jovem que “transformou a dor em força para vencer e ganhou o mundo com uma boa ideia”.
Fotos: Eduardo Mendonça