Procissão marítima, ponto alto dos festejos à virgem navegantina (Foto/Cedida: Lauro Duarte)
A origem da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, em Areia Branca, data de maio de 1911. Foi o resultado de uma promessa feita pelo maquinista Manuel Félix do Vale, que quase perdeu a vida e da sua tripulação ao tentar salvar de uma avaria em alto-mar a embarcação que conduzia para ser consertada no Recife (PE).
Os mais antigos contam que em maio de 1911, o conhecido rebocador “Sucesso”, do tráfego do porto local, viajou à capital pernambucana rebocado pelo vapor “Assu”, a fim de ser consertado no estaleiro daquela capital. Navegava assim, quando à altura do Cabo Santo Agostinho o cabo bastante longo que o prendia ao vapor, enrolou em uma hélice em conseqüência do mar agitado.
A situação ficou perigosa diante da certeza de que a embarcação avariada viria a pique, caso o cabo não fosse retirado da hélice do vapor. Foi quando o maquinista, o areia-branquense Manoel Félix do Vale, católico fervoroso, membro de tradicional família local, se lançou na água com uma pequena faca na mão, colocando em risco a própria vida. Numa manobra rápida e corajosa ele conseguiu cortar o cabo enrolado na hélice, evitando assim, com esse gesto heróico, um iminente naufrágio do rebocador.
Ao mergulhar, certo do perigo que enfrentava, o maquinista fez uma promessa a Nossa Senhora dos Navegantes: de trazer para Areia Branca a imagem da santa, entroná-la no altar da igreja e todos os anos, no dia 4 de julho, organizar uma procissão marítima em homenagem à sua protetora.
A data da festa, porém, foi posteriormente mudada para 15 de agosto pelo bispo dom Antônio Cabral dos Santos, pelo fato de ser consagrada à Nossa Senhora.
Consta que o início da devoção à Nossa Senhora dos Navegantes originou-se na Idade Média por ocasião das Cruzadas, quando os cristãos invocavam a proteção de Maria Santíssima. Sob o título de “Estrela do Mar”, rogavam sua proteção os cruzados que faziam a travessia pelo mar Mediterrâneo em direção à Palestina.
É a padroeira não só dos navegantes, mas também de todos os viajantes. Tal tradição foi mantida entre os marítimos e foi difundida pelos navegadores portugueses e espanhóis, disseminando-se entre os pescadores litorâneos principalmente nas terras colonizadas pela Espanha e Portugal.
As conseqüências foram a multiplicação de capelas, igrejas e santuários nas regiões pesqueiras, particularmente no Sul do Brasil, onde a concentração de cidades que a veneram como padroeira é significativamente expressiva.