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Fala, Memória: Hospital/Maternidade Sarah Kubitscheck, um legado do povo

AREIA BRANCA MATERNIDADE Leio no jornal que a Maternidade Sarah Kubitschek vai ser reformada, em uma tentativa de adaptação às novas exigências tecnológicas e arquitetônicas. Inaugurada no dia 20 de abril de 1959, percebemos ter havido uma sucessão de melhorias incorporadas ao velho corpo da maternidade, e cada vez essa senhora de 51 anos ressurge mais bonita e altaneira, e com semblante juvenil, agora contemplando uma bela praça que se exibe à sua frente, também revigorada. No silêncio das madrugadas, elas, maternidade e praça, trocarão olhares de desafiadores, como duas misses em um concurso de beleza. Na atual reforma, está sendo usado um prédio para acomodar os pacientes, camerlengando a assistência à saúde até o retorno à velha casa, mais uma vez revigorada.

O local onde hoje se localiza a maternidade era chamado Alto do Urubu, como nos conta Deífilo Gurgel, o velho Mestre. À frente, onde atualmente se encontra a bela Praça Luiz Batista, ficava um açude que, segundo Deífilo, fora construído na seca de 1877, resistindo bravamente até meados de 1980, quando foi soterrado para construção da praça.

Quando admiramos o hospital-maternidade, onde médicos, enfermeiras e pessoal administrativo se dedicam diuturnamente à prestação de assistência médica aos filhos de Areia Branca e redondezas, surge uma pergunta mais que natural: quem teria contribuído para a construção do principal equipamento comunitário da nossa cidade?

Sei que muitas pessoas participaram ativamente da construção desse valioso bem comunitário. A cidade inteira se mobilizou, começando pela Igreja. Grupos foram formados, rifas organizadas, shows planejados, além uma série de eventos culturais. Um grupo planejou e realizou o maior pastoril de Areia Branca, que aconteceu na Rua do Meio, próximo à Casa de José Tavernard, evento em que o nome de Chico de Boquinha se destacava.

No início, homens da estatura de Dr. Gentil, Dr. Wilon Cabral e Dr. Francisco Costa assumiram o chamado primeiro, passando a atender pessoas que se dirigiam em busca de assistência e dignidade. Logo outros médicos assumiram esse belo e árduo mister de bem servir.

Mas há um fato que não consigo esquecer. Era noite, por volta das vinte horas, quando três ou quatro homens chegaram à nossa casa. Queriam que papai os ajudasse a escrever uma carta ao presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961). Desconheço o objetivo dessa carta. Sei que dizia respeito à construção da maternidade, e que saíram todos satisfeitos.

Imagino que nenhum daqueles bravos senhores sabia que papai jamais havia se sentado em um banco escolar.

Ao povo, o seu legado.

· Evaldo Alves de Oliveira, areia-branquense. Médico e escritor

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