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Fala, Memória: Fragmentos para a História de Areia Branca

AREIA BRANCA TIROL Areia Branca sempre foi estratégica para a atividade portuária  

Consta que no Sítio das Areias Brancas, na ilha de Maritaca, encontrava-se, por volta de 1860, ranchos de pescadores e nada mais. A movimentação mais ativa da região concentrava-se no povoado Barra do Mossoró, na margem esquerda do rio, que fora um dos primeiros locais a serem povoados naquelas paragens.

Na realidade, o litoral do município já era conhecido dos navegadores desde os primórdios do descobrimento do continente americano.  Gabriel Soares, no seu “Tratado Descritivo do Brasil”, publicado em 1587, descreve as costas de Areia Branca. A primeira Sesmaria concedida naquela região foi para o coronel Gonçalo da Costa Faleiro, datada de 5 de julho de 1708, que constava de três léguas de comprimento e uma de largura, a começar no morro de Tibau, pela cota do mar para o lado do sul, até onde acabasse.

Com o desenvolvimento da Vila de Mossoró, que havia sido emancipada em 15 de março de 1852, era mister se encontrar um local para a construção de um porto onde os navios a vapor pudessem aportar, possibilitando a importação de víveres e produtos industrializados e a  exportação dos nossos produtos para outros lugares. Com esse intuito foi construído em 1866 um armazém no Porto de Jurema, que ficava à margem esquerda do rio. No entanto, o vapor Mananguape, apesar de várias tentativas, não conseguiu atracar nesse local.  A alternativa escolhida foi mudar o local do porto. E para isso o Presidente da Província do Rio Grande do Norte, Dr. Luis Barbosa da Silva, autorizou a transferência do armazém que ali tinha sido construído para  a margem direita do rio, no Sítio das Areias Brancas. Dessa forma, em abril de 1867, ali puderam apontar a barca inglesa Calderbank, que era consignada a casa J. Ulrich Graf de Mossoró, e o Pirapama, vapor pertencente à Companhia Pernambucana de Navegação Costeira a Vapor, que a partir daquela data estabelecia uma rota normal.

Foi também em 1867 que foi construída a primeira residência de tijolos pertencente a Gorgônio Ferreira de Carvalho, que era o encarregado do armazém e fiscalização das mercadorias em trânsito. Em 1870 outras residências já tinham sido construídas, como as que pertenciam aos senhores João Gomes da Silva, João Menino e João Francisco de Borja.

Em dezembro de 1872 o local foi elevado à condição de Distrito de Paz do Município de Mossoró, compreendendo as localidades de Grossos, Matos Altos, Morro do Tibau, Upanema e  Redonda, sendo o seu primeiro Juiz de Paz o morador João Francisco de Borja.

Em 1873, o Distrito ganhou a sua primeira escola e foi também nesse ano que foi construída a capela de Nossa Senhora da Conceição. Essa capela foi demolida em 1877 e reconstruída em 1885.

O município foi criado pelo Decreto Estadual de 16 de fevereiro de 1892, numa resolução da Junta Governativa, desmembrando de Mossoró.  Sua instalação ocorreu em 31 de março do mesmo ano, numa festiva solenidade, quando tomaram posse os intendentes nomeados, na presença do Presidente da Intendência de Mossoró, Sr. Manuel Cirilo dos Santos, que para ali se deslocou especialmente para presidir as solenidades de instalação do novo município. Em 24 de outubro de 1927, através da Lei nº 656, a sede municipal foi elevada à categoria de cidade.

A cidade de Areia Branca é conhecida pelas suas praias paradisíacas, dunas e falésias, além de uma porção territorial dominada pelo sertão, apresentando uma das mais ricas e variáveis formações geográficas do Rio Grande do Norte.

* Geraldo Maia ([email protected]) escreve artigos para o caderno Universo do jornal O Mossoroense, de onde foi extraído o presente artigo, que está na edição deste domingo, 6, no matutino centenário.

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