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Fala, Memória: Euclides Leite Rebouças, Quidoca

QUIDOCA DO MEL Convivi com Quidoca quase 10 anos na Câmara de Vereadores de Areia Branca. Foi o vereador mais assíduo de todos que por ali passaram. Antes, minha mãe Ana Paulino já tinha sido sua colega na Câmara Municipal. A Câmara funcionava no primeiro andar do Cine Cel. Fausto, onde antes ainda, era o C.E.A, local onde a elite da época se reunia para os bailes elegantes de então.

Euclides Leite Rebouças, Quidoca

Pois bem. Ao lado de Sebastião Amorim de Souza, foi o vereador com mais mandatos eletivos em Areia Branca. Quando a Câmara saiu do Cel. Fausto, fomos nos reunir no prédio onde hoje funciona Maria Brasil, na Praça da Conceição. Depois disso o prefeito Francisco Costa construiu um prédio próprio na Rua Francisco Ferreira Souto. Dizia-se que os vereadores brigavam tanto, que quando um matasse outro, era só pegar pela perna e jogar pra dentro do cemitério, que era vizinho.

Nascido em Mossoró em 1905, e descendente de uma família tradicional, os LEITE, adotou o antigo vilarejo de Ponta do Mel como sua pátria. De lá vinha eleito vereador. Agora Quidoca era do Mel, e o Mel era de Quidoca. A primeira escola foi levada por ele. O primeiro poço artesiano, depois tubular, também. Os primeiros caminhos foram abertos por ele, forçando a terra vermelha a se mostrar nua na caatinga da costa.

Volto a lembrar do meu velho amigo Euclides Leite Rebouças. Das nossas discussões na Câmara, dos discursos, das nossas conversas, das nossas farras no jipe de Chico de Áurea. Quidoca deixou uma prole numerosa. Seus filhos quase todos chegaram à universidade. Elzo, Sebastião, Gilvan, Evaldo. Lembro-me de Maria Eurídice, Lilidice para os íntimos, hoje casada com nosso amigo Elmo. Morávamos na Rua do Meio, em frente a sua casa, na Cel. Fausto, de frente pra sombra. Foi quando descobri pela primeira vez que existia a palavra amor. Afeição de adolescentes em que somente o olhar, o flerte, denunciava o namoro.

Passávamos às vezes horas a fio, eu em frente a minha casa, em pé, na porta, ora na janela. E ela na sacada do pátio, debruçada, às vezes entrava e saia, e entrava novamente. Se esse arbusto tênue não prosseguiu, foi porque, talvez, o destino já havia se antecipado, pois muito tempo depois, um seu filho, Sebastião Leite, viera a se casar com minha irmã Juranice Josino.

Conversar com ele era receber uma aula de História, de bom senso e de humildade. Era um humanista na melhor acepção da palavra. Ainda vou pesquisar nos anais da Câmara, que era sua casa, os inúmeros projetos de Lei de sua autoria, Requerimentos, etc. Como político que era, foi um terrível adversário da política avelinista, pois sempre aconselhou Solon das “tiradas” do Dr. Manoel. Quando o conheci na década de 50 ele tinha um armazém na Rua da Frente onde negociava com secos e molhados. Outros armazéns na mesma rua, de Chico Lino, de Seu Lalá, do meu tio Chico Paulino e outros.

O maior legado que deixou foi sua família.

Feliz o filho que teve um pai como QUIDOCA, que à semelhança dos beduínos audazes, teve sua cimitarra forjada no aço da honestidade, da honradez e da probidade.

Tenho dito.

· Jairo Josino de Medeiros, areia-branquense. Extraído do seu livro “Silhuetas do tempo”, lançado no dia 14 de janeiro de 2011, às 19h, na Câmara Municipal de Areia Branca

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