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Menina usando o celular (Foto: Andrea Piacquadio/Pexels) — Foto: Crescer

Exemplo a ser seguido: cidade irlandesa se une na proibição de smartphones para crianças pequenas

Menina usando o celular (Foto: Andrea Piacquadio/Pexels) — Foto: Crescer

Existem várias razões pelos quais uma criança não deve ter um smartphone. A principal delas é a exposição a conteúdos inadequados, sem contar com todos os riscos que o excesso de tela podem causar, como sedentarismo, problema de visão, concentração, falta de sono… Um exemplo de iniciativa que destaca a importância dessas
preocupações é a cidade de Greystones, na Irlanda, onde os pais se uniram para comunicar coletivamente aos seus filhos que eles não podem ter um smartphone até o ensino médio.

Segundo o The Guardian, as associações de pais de oito escolas primárias do distrito implementaram um código que proíbe o uso de smartphones, com o objetivo de conter a pressão dos colegas para adquirir um dispositivo. “Ao fazer isso coletivamente, as crianças não se sentirão excluídas. Torna mais fácil dizer não”, afirmou a mãe Laura Bourne, envolvida na iniciativa. Ela também destaca a importância de preservar a inocência das crianças o máximo possível.

Escolas e pais da cidade tomaram a iniciativa no mês passado, em meio à preocupação de que os smartphones alimentassem a ansiedade e expusessem as crianças a conteúdos inadequados. Essa ação conjunta é um exemplo raro de uma cidade inteira adotando medidas sobre o assunto. O pacto voluntário proíbe o uso de smartphones pelas crianças em casa, na escola e em qualquer lugar até que ingressem no ensino médio. Espera-se que aplicar essa restrição a todas as crianças da região reduza a pressão dos colegas e evite ressentimentos. “A infância está se tornando cada vez mais curta”, disse Rachel Harper, diretora da escola St. Patrick, que liderou a iniciativa. Segundo ela, crianças de apenas nove anos já começavam a solicitar smartphones. “Eles estão pedindo cada vez mais cedo, e nós estávamos testemunhando isso”.

Anteriormente, as escolas já proibiam ou restringiam o uso de dispositivos móveis em suas dependências, mas ainda enfrentavam os efeitos das redes sociais nas crianças que possuíam smartphones, despertando a curiosidade dos demais estudantes. Ter uma política unificada em toda a cidade reduz as chances de uma criança se sentir excluída por não ter um smartphone, e os pais podem apresentar o código como uma regra escolar. “Agora podem atribuir às escolas”, disse Harper.

Essa iniciativa despertou interesse em associações de pais na Irlanda e no exterior, e o ministro da saúde da Irlanda, Stephen Donnelly, que mora próximo a Greystones, recomendou-a como uma política nacional. Em um artigo no Irish Times, ele escreveu: “A Irlanda pode e deve liderar o mundo em garantir que crianças e jovens não sejam alvo e não sejam prejudicados por suas interações com o mundo digital. Devemos facilitar para os pais limitar o conteúdo ao qual seus filhos estão expostos”.

O pacto adotado em Greystones surgiu porque as crianças estavam apresentando níveis de ansiedade parcialmente atribuíveis à era Covid-19, disse Harper. As escolas distribuíram questionários entre os pais, o que levou a uma reunião com a comunidade e a uma iniciativa chamada “É preciso uma Aldeia”. Embora nem todos os pais neguem smartphones a seus filhos em idade escolar – o código é voluntário -, um número suficiente deles aderiu para criar uma massa crítica, segundo Harper. “Espero que isso se torne a nova norma no futuro”.

Nikkie Barrie, mãe de um filho de 11 anos na escola primária, relata que o impacto do código foi imediato. Ela menciona que “este código faz uma grande diferença na minha vida. Quando sei que 90% da turma está de acordo, fica mais fácil dizer não”. Barrie expressa o desejo de estender o pacto também aos primeiros anos do ensino médio, devido ao efeito negativo que um smartphone teve em seu filho de 13 anos. Ela descreve a situação como sendo “a ruína da minha vida” e sente que perdeu sua filha, pois a tecnologia a mantém imersa no mundo do TikTok ou outras atividades online, agindo como um robô.

Jane Capatina, uma aluna de 10 anos da escola St. Patrick, concordou em ficar sem um smartphone por pelo menos mais dois anos. Ela comenta: “Eu gostaria de ter um, pois adoraria enviar mensagens de texto para meus amigos. No entanto, não quero me viciar nisso.” Sua irmã de oito anos, Rachel, também apoia o pacto e diz: “É justo que ninguém possa tê-lo”.

Por outro lado, Josh Webb, de 12 anos, estava resignado com a perspectiva de seu recém-adquirido telefone desaparecer em uma gaveta até que ele entrasse no ensino médio em setembro. Ele menciona: “Não é o fim do mundo para mim. Eu sei que alguns colegas de classe não vão gostar disso. Mas somos apenas crianças, o que podemos fazer?”. Webb relembra a sensação de exclusão que tinha quando não tinha telefone, enquanto alguns amigos possuíam. “Eles estavam compartilhando vídeos uns com os outros e eu apenas assistia”. Webb vê valor em estender as restrições de uso do telefone para todas as idades, afirmando: “Seria uma boa regra, mas não acho que os adultos ficariam felizes com isso”, finaliza.

Com informações Revista Crescer – globo.com 

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