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Jair Bolsonaro (PSL), candidato à Presidência da República, durante debate promovido pela RedeTV! - 17/08/2018 (YouTube/Reprodução)

Estratégia de faltar a debates não é novidade na disputa presidencial: Collor, FHC, Lula e Dilma já se valeram da artimanha

Jair Bolsonaro, candidato à Presidência, durante debate promovido pela RedeTV! (YouTube/Reprodução)

Líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência, pode faltar aos próximos debates na TV.

Na sexta-feira, 24, a rádio Jovem Pan cancelou o debate que realizaria nesta segunda-feira, 27, e apresentou, como justificativa, a “manifestação de incerteza do candidato Jair Bolsonaro em participar de debates” e a “insistência do PT em manter a candidatura de Lula”, que está preso e pode ser barrado pela Lei da Ficha Limpa.

Em entrevistas à imprensa, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse que Bolsonaro tem se sentido “muito desconfortável” com as regras e o formato dos debates e deve priorizar a agenda de viagens pelo País.

Ao blog BR18, do Estadão, Bebianno afirmou que a presença do candidato nos próximos programas não está garantida e será confirmada “na véspera ou 2 dias antes” de cada debate.

Bolsonaro, por sua vez, disse que deve, sim, participar dos debates na TV, mas admitiu que prefere priorizar o “contato com o povo”. Também é pouco provável que o candidato compareça a entrevistas e sabatinas de jornais e TVs.

Evitar debate, uma estratégia antiga

A estratégia de faltar aos debates para fugir do enfrentamento direto com adversários e, assim, evitar desgastes, não é novidade na disputa ao Palácio do Planalto. Fernando Collor de Mello (PTC, hoje), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula e Dilma Rousseff (PT) já se valeram da artimanha.

Brizola, Enéas e Lula, entre outros, participaram de debate da TV Manchete em 1994. FHC faltou (Foto: Reprodução)

Em 1989, o então candidato Collor ignorou debates do primeiro turno. No segundo turno, o “caçador de marajás” participou de debates com o adversário Lula e, por fim, venceu a eleição. A edição de um dos confrontos pela TV Globo é alvo de controvérsias até hoje.

Na campanha eleitoral de 1994, que deu a FHC a vitória no primeiro turno, o então ministro da Fazenda compareceu a apenas um debate na TV. Naquele ano, reportagens na imprensa atribuíam a ausência do tucano nos confrontos à sua liderança nas pesquisas.

Na eleição seguinte, em 1998 – a primeira em que foi possível disputar a reeleição –, FHC novamente venceu seus adversários no primeiro turno e foi reeleito sem ter participado dos debates.

Em 2006, o então presidente Lula compareceu apenas aos debates do segundo turno, com Geraldo Alckmin (PSDB) como adversário, e foi reeleito. Líder isolado nas pesquisas, mas com a imagem desgastada pelo escândalo do mensalão, o petista enviou uma carta para a TV Globo justificando sua ausência no último debate do primeiro turno.

“Não posso render-me à ação premeditada e articulada de alguns adversários que pretendiam transformar o debate desta noite em uma arena de grosserias e agressões, em um jogo de cartas marcadas”, escreveu Lula, em 2006.

Com Alckmin, Heloisa Helena observa cadeira vazia de Lula em debate em 2006 (Foto: Bruno Domingos/Reuters)

Em 2010, a então candidata Dilma, pouco conhecida pelo eleitorado, faltou a dois debates no primeiro turno do pleito. Mesmo assim, a petista foi para o segundo turno com José Serra (PSDB) e venceu a eleição.

Em 2014, quando foi reeleita, Dilma participou de todos os confrontos com os adversários.

Candidato ao Planalto novamente em 2018, Alckmin faltou a um debate em 2014. Então governador de São Paulo e candidato à reeleição, o tucano alegou uma “infecção bacteriana aguda” para não ir ao primeiro debate do pleito. Foi reeleito no primeiro turno. (Com informações Huffpost Brasil).

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