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Deputado Paulo Wagner foi uma das gratas surpresas entre os estreantes na Câmara, com atuação destacada em defesa do RN e do país

PAULO WAGNER, OUTRAEntre os parlamentares que estrearam no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, na atual legislatura, o potiguar Paulo Wagner (PV) foi uma das gratas surpresas. Em 2012 ele teve uma atuação marcada por ações relevantes que resultaram em grandes benefícios para o Rio Grande do Norte e o país.

Defensor de uma educação com qualidade, o deputado federal Paulo Wagner, que é natural de Areia Branca (RN), participou de importantes debates tendo a educação como foco.

No final do ano passado, Paulo Wagner fez um pronunciamento na Câmara Federal, que serviu de reflexão para os demais parlamentares da Casa e o povo em geral, sobre a situação da educação no país e os aspectos negativos que têm impedido o seu desenvolvimento no RN.

Paulo Wagner em pronunciamnento no plenário da Câmara Federal

Em reconhecimento ao trabalho desempenhado pelo areia-branquense Paulo Wagner na Câmara e, dada a importância do tema abordado pelo parlamentar, o Blog publica na íntegra o pronunciamento feito pelo deputado. Leia.

Imperiosa necessidade de fortalecimento da educação básica brasileira. Apresentação de emenda em benefício do sistema de ensino básico no Estado do Rio Grande do Norte

“Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o chamado Primeiro Mundo só chegou a isso porque a educação constituiu premissa de projetos históricos que visaram ao desenvolvimento com justiça social. O Brasil, infelizmente, está longe ainda do patamar atingido por essas sociedades. Um grande esforço precisa ser feito para, de algum modo, compensar as defasagens seculares que nos separam.

Trata-se de vencer ou vencer. Vencer as diferenças abissais entre modelos bem-sucedidos nos Estados Unidos, na Europa do pós-guerra, notadamente a Alemanha, perdedora do conflito, e na Ásia, a exemplo dos Tigres Asiáticos, e as práticas de ensino brasileiras, que consagram o atraso e condenam os menos favorecidos a assim se perpetuarem.

ESCOLANenhuma política de inclusão, nenhuma das chamadas ações afirmativas, por mais importantes que sejam – e não desejo aqui contestar essa importância -, nada, absolutamente nada poderá substituir a escola de qualidade, universal e gratuita. Ou jamais seremos a potência a que aspiramos ser, não obstante os surtos de desenvolvimento. Sem a boa escola, eles serão apenas isso: surtos, voos altos que não se sustentam.

Cheguei à Câmara dos Deputados tendo, entre muitos propósitos, o de lutar pela educação básica. Agora mesmo consegui destinar, por via de emenda suplementar que apresentei, recursos da ordem de R$5 milhões para a educação básica no Rio Grande do Norte. Com a iniciativa, Sr. Presidente, pretendi equilibrar um pouco o deficit existente, vez que no atual exercício os valores disponíveis para investimentos do setor ficaram muito abaixo do necessário. O resultado evidente é que se deteriorou mais ainda a já precária infraestrutura de boa parte das escolas na maioria dos Municípios do Estado.

Ora, Sr. Presidente, nenhum professor, ainda que bem pago, o que não é, em absoluto, o caso do professor potiguar, ainda que preparado, ainda que motivado, ainda que tendo o magistério por vocação, consegue ministrar aulas interessantes e, portanto, atrair o aluno, se faltam instalações razoáveis, material didático compatível com os conteúdos, condições de aprendizagem minimamente adequadas e motivadoras. É evidente que isso, por si, não faz a escola de qualidade, mas sem isso tudo o mais fica comprometido. Dispersam-se esforços e se dispersam os alunos.

ESCOLA 1A grande maioria dos que cursam a educação básica não chega ao ensino médio. Muitos dos que chegam não concluem. E 40% deles não concluem por desmotivação. Acabam deixando a escola com falhas graves de aprendizagem, em áreas cruciais de formação, trazidas da etapa anterior.

O nome por si diz tudo: educação básica – a base dos eventos futuros na cadeia de formação intelectual do indivíduo. A partir dos primeiros anos de escolarização, cada evento decorrerá de outro e ensejará outro.

Professores e técnicos sabem que em educação não existe remissão: o que se perdeu um dia, perdido está, a menos que todas as circunstâncias se modifiquem e todos os agentes envolvidos se empenhem ao limite do impossível. Rarissimamente é o que acontece. E não é alternativa de solução universalmente aplicável.

A educação básica, porta de entrada do saber, não pode falhar. Quando falha, tudo o mais falha no processo. Senão vejamos os fatos.
Somente 6,6% dos brasileiros entre 15 e 19 anos cursam simultaneamente o ensino regular e o profissionalizante. Nos países desenvolvidos, o percentual chega a 42%. Descontadas as diferenças culturais, já que essas sociedades valorizam bastante a formação técnica, o Brasil está em franca desvantagem, e, se nada for feito, continuaremos perdendo produtividade e competitividade.

ESCOLA 4O apagão de mão de obra, verdadeiro entrave, hoje, ao desenvolvimento econômico do País, é uma realidade incontornável em curto prazo. Milhares de postos de trabalho, sobretudo na indústria e na construção civil, deixam de ser preenchidos, não por falta de oferta e demanda de emprego, mas porque muitos dos trabalhadores que chegam ao mercado não possuem formação específica. Pior que isso, não têm habilidades mínimas que deveriam ter sido desenvolvidas lá atrás, a partir da escola básica. Por deficiências de alfabetização e leitura, não sabem, muitas vezes, ler e interpretar uma instrução ou um manual; não conseguem fazer operações matemáticas simples; não dispõem de requisitos cognitivos para resolver problemas e realizar tarefas simples.

Outro fato que chama atenção, Sr. Presidente, diz respeito ao Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. O último, aliás, realizado há pouco. O foco da prova está, como sabemos, no acesso, por seleção unificada, às universidades públicas federais. Não se pode ignorar, porém, que muito das deficiências que o processo costuma mostrar remonta aos primeiros anos da escola. O desempenho dos alunos da rede pública, em geral, é pior.

A saída para tantos dilemas é uma só, definitiva e inapelável: a melhoria da educação básica, a partir da visão de mundo própria do século XXI, que exige atitudes de século XXI.

ESCOLA 2Foi-se o tempo, nobres colegas, do magistério sacerdócio, quando o professor, em especial o professor do interior, era, face a face com a criança, o grande protagonista do ensino, mesmo que muito mal pago, mais mal pago ainda do que é hoje. Esse abnegado tinha como recursos didáticos, se tanto, livro e caderno, lápis e borracha, lousa e giz, que agora já não bastam. É preciso introduzir as ferramentas que a tecnologia oferece. Infelizmente, isso não é barato, mas, caro ou barato, tem de ser feito.

Eis, assim, a minha mensagem, Sr. Presidente, a mensagem de um nordestino que em suas andanças tem testemunhado a pobreza, a sujeição e a falta de oportunidades do sertanejo, do agricultor, do trabalhador da capital e do interior, homens e mulheres que, sem estudo, não conseguem romper os grilhões da injustiça.

Que ao menos possamos trabalhar para que seus filhos o consigam”. – Paulo Wagner, Deputado Federal PV-RN).

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