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No Ceará, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Rogério Marinho visitaram a Barragem de Jati. O acionamento para enchimento da barragem ocorreu em junho de 2020, possibilitando que a água seguisse para outras regiões do estado, entre elas a Região Metropolitana de Fortaleza (Fotos: Erasmo Salomão e Adalberto Marques/MDR)

Depois de Pernambuco, Paraíba e Ceará águas do Velho Chico chegam ao Rio Grande do Norte

No Ceará, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Rogério Marinho visitaram a Barragem de Jati. O acionamento para enchimento da barragem ocorreu em junho de 2020, possibilitando que a água seguisse para outras regiões do estado, entre elas a Região Metropolitana de Fortaleza 

O sonho de garantir água em quantidade e qualidade para o semiárido nordestino vai virar realidade. Após quase 16 anos de espera, os eixos Norte e Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco foram concluídos e as águas do Velho Chico finalmente chegarão ao Rio Grande do Norte.

Nesta terça-feira, 8, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, visitaram estruturas do Eixo Norte em Pernambuco, Ceará e Paraíba que receberam recursos do Governo Federal e possibilitaram a chegada das águas do São Francisco em terras potiguares.

Em Pernambuco, foi realizada visita à Estação de Bombeamento 3 (EBI-3). A estrutura é composta por um conjunto de motobombas, válvulas e acessórios interligados capazes de garantir um volume contínuo de adução de água. A partir da EBI-3, a água segue o trajeto por canais e reservatórios até o Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

“Esta estação elevatória, que termina com a água chegando ao Rio Grande do Norte, é uma obra vultosa. Um dia do funcionamento dela equivale a 30 dias de carro-pipa pelo Nordeste. É uma obra que, mais do que economizar recursos dos impostos de vocês, vai, efetivamente, levar aquilo que está na Bíblia: ‘Água é vida’. Algo que vocês, seres humanos, não podem abrir mão”, afirmou o presidente Bolsonaro.

No local, também houve visita ao Núcleo de Controle Operacional (NCO) da transposição, que é responsável por concentrar, processar e controlar redes de Tecnologias de Informação, estações de bombeamento, subestações, estruturas de controle e tomadas de água dos eixos Norte e Leste do Projeto São Francisco. A instalação do NCO teve início em 2014 e foi concluída em maio de 2021.

Já no Ceará, a comitiva do Governo Federal visitou a Barragem de Jati, estrutura que possui 56 metros de altura e capacidade de acumular até 28 milhões de metros cúbicos de água. O acionamento para enchimento da barragem ocorreu em junho de 2020, possibilitando que a água seguisse para outras regiões do estado, entre elas a Região Metropolitana de Fortaleza.

Quesia Janay Martins dos Santos, 32 anos, moradora da região, falou sobre o sentimento de ver a água chegando. “Água para a gente é riqueza, saúde, limpeza. Era um sonho de todo nordestino. A gente achou que não ia chegar tão cedo, mas graças a Deus chegou. Já notamos uma mudança significativa. Ainda não está liberada para agricultura, mas já tem turismo, o pessoal para, tira foto, é um atrativo legal”, comemorou.

Durante a visita, foi realizada liberação de água da estrutura até o Cinturão das Águas do Ceará (foto à esquerda). O empreendimento não recebia água do São Francisco desde maio de 2021, devido a serviços de manutenção e substituição de equipamentos para modernização da estrutura.

O ministro Rogério Marinho lembrou que o estado do Ceará é um marco histórico para o início da transposição do Velho Chico. “Este Governo está fazendo em três anos o que não foi feito em mais de 16 anos. Eu diria que o que não foi feito em mais de 170 anos, porque o sonho da transposição do São Francisco nasce aqui no Ceará, nasce na cidade de Crato”, resgatou o ministro. “Em 1947, o intendente daquela cidade faz um apelo ao parlamento da monarquia na época, buscando recursos para canalizar o rio, com essa expressão mesmo. Para permitir que o rio que passava pelo sertão do Araripe (em Pernambuco) pudesse dessedentar a sede de uma população que, historicamente, estava exposta ao flagelo da seca”, contou.

Na Paraíba, a comitiva foi a São José de Piranhas, onde ocorreu visita ao último trecho do Eixo Norte da transposição do Rio São Francisco, entre as Barragens Caiçara e Engenheiro Avidos. O trecho foi inaugurado pelo Governo Federal em outubro de 2021, após investimentos de quase R$ 50 milhões, e permitiu a passagem das águas do Velho Chico para terras potiguares.

Também participaram das visitas os ministros da Cidadania, João Roma, do Turismo, Gilson Machado, e da Secretaria Geral da Presidência, general Luiz Ramos, entre outras autoridades.

Chegada das águas

Nesta quarta-feira, 9, às 13h, também será realizado, em Jardim de Piranhas (RN), o evento de chegada das águas do São Francisco ao Rio Grande do Norte, com presença do presidente Jair Bolsonaro. Mais cedo, a comitiva do Governo Federal vistoria as obras da Barragem de Oiticica, que estão sendo executadas pelo Governo do Estado com recursos federais.

Em construção desde 1952, a Barragem de Oiticica é a porta de entrada das águas do São Francisco no Rio Grande do Norte. A estrutura está em fase final de construção e vai garantir o abastecimento de 330 mil pessoas em oito cidade potiguares. Desde 2019, cerca de R$ 300 milhões foram disponibilizados pelo Governo Federal para realização da obra.

A transposição

Em 2016, apenas 16,15% do Eixo Norte e 15,67% do Eixo Leste do Projeto São Francisco estavam operacionais. Em 2019, no início da atual gestão, os percentuais eram de 31,54% no Norte e 100% no Leste. Atualmente, ambos os eixos estão com 100% de execução.

“Foi este Governo que deu operacionalidade ao Projeto São Francisco. Quando assumimos, apenas 31,54% das estruturas do Eixo Norte tinham capacidade de operar e as águas sequer haviam saído do estado originário, Pernambuco. Fomos nós que a levamos para o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Muito do que havia sido construído estava se deteriorando pela ação do tempo, foi necessário muito retrabalho e investimentos”, afirma o ministro Rogério Marinho. “Não medimos esforços para resolver problemas, corrigir erros estruturais, recuperar e retomar obras. E hoje, podemos dizer que 100% dos eixos Norte e Leste estão operacionais e que as águas do São Francisco finalmente chegaram aonde já deveriam estar há muito tempo”, completa.

Desde 2019, o Governo Federal investiu R$ 3,49 bilhões para que água do São Francisco pudesse chegar ao Ceará e ao Rio Grande do Norte e, também pelo Eixo Norte, à Paraíba – o estado já é atendido, desde 2017, pelo Eixo Leste. Isso representa 23,94% de tudo que foi alocado na obra, uma média anual de R$ 1,16 bilhão, a maior entre todas as gestões do Governo Federal. De 2008 a 2015, o aporte foi de 56,68% do total (média anual de R$ 1,03 bilhão) e, de 2016 a 2018, de 19,38% (média anual de R$ 942,4 milhões).

Quando todas as obras complementares estiverem concluídas, mais de 16,47 milhões de brasileiros, de 565 municípios de sete estados nordestinos, serão beneficiados pelas águas do Rio São Francisco.

Águas do São Francisco mais longe

Além de concluir e colocar em operação todo o Eixo Norte, o Governo Federal iniciou um novo ciclo, retomando o projeto original da transposição e, com isso, um compromisso feito com a população de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Três projetos foram priorizados: o Ramal do Agreste, maior obra hídrica de Pernambuco, foi concluído em 2021, com 99% da obra e do repasse de recursos executado pela atual gestão. Além disso, foram iniciadas as obras do Ramal do Apodi, no Rio Grande do Norte, e lançada a licitação para construção do Ramal do Salgado, no Ceará.

Somados aos canais principais, são cerca de 3 mil quilômetros de canais e adutoras que foram, estão ou serão construídos pelo Governo Federal para levar água ao semiárido nordestino. Além de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, essas estruturas vão ainda mais longe, atendendo outros estados da região, como Alagoas, Sergipe e Bahia.

Entre as obras em execução estão o Cinturão das Águas do Ceará (CAC), as Vertentes Litorâneas da Paraíba, a Adutora do Agreste Pernambucano e o Canal do Xingó, em Sergipe. Já o Ramal do Piancó, na Paraíba, o Sistema Seridó, no Rio Grande do Norte, e o Canal do Sertão Baiano estão com estudos e projetos em desenvolvimento. E no estado de Alagoas, o Governo Federal concluiu e entregou o quarto trecho do Canal do Sertão Alagoano.

Fotos: Erasmo Salomão e Adalberto Marques/MDR

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