Profissionais que atuam no Censo 2022 estão encontrando dificuldades para entrevistar moradores no Rio Grande do Norte. Os relatos são de recusas por moradores, complicações para atuação em condomínios e até ameaças. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), episódios como esses dificultam o andamento da pesquisa.
Um dos casos mais extremos foi o de um recenseador que chegou a registrar um boletim de ocorrência contra um morador do bairro da Redinha, na zona Norte de Natal. De acordo com o profissional, mesmo com as explicações do que se tratava a pesquisa, o homem se manteve irredutível e fez diversas ameaças contra o profissional.
“Ele disse que era pra eu sair da rua dele e mandou eu não voltar mais. Se eu voltasse, ele ia me dar um tiro, isso com a mão na cintura”, afirmou o recenseador, que preferiu não ser identificado.
Após o registro do boletim de ocorrência, ele relata que continua trabalhando na função, mas em outro setor. “Fui remanejado. Eu participei do processo seletivo para melhorar minha renda, mas, após a situação, já pensei em desistir”, revela.
Recusa
A atuação dos recenseadores se dá por área de atuação. Cada um tem um setor a ser preenchido, com uma quantidade de residências disposta em uma lista prévia. Diante desse cenário, a recusa de alguns moradores em receber os profissionais vem trazendo morosidade no serviço.
É o caso de um recenseador de 43 anos. Ele atua no Alecrim, e tem a previsão de fazer a coleta de dados em mais de 300 domicílios. “Em alguns casos, o pessoal não tem interesse em responder, falam conosco em tom áspero, num tom de voz grosseiro, com palavras de baixo calão”, afirma.
A legislação que torna obrigatória a participação no Censo é a mesma que garante o sigilo das informações repassadas. Conforme texto, “toda pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, é obrigada a prestar as informações solicitadas pelo IBGE”.
“Atrapalha a pesquisa”, afirma IBGE
Rogério Campelo é coordenador de operações do Censo 2022 no RN e destaca que a recusa traz problemas para o andamento do levantamento.
“A gente faz esse apelo, para que permitam o acesso do recenseador. O censo faz o quadro brasileiro e permite o planejamento para a próxima década, mas algumas pessoas ainda tem dificuldades de entender isso. O IBGE quer apenas fazer o seu trabalho”, afirma.
O Censo é uma pesquisa realizada a cada dez anos pelo IBGE, sendo a última feita em 2010. Esse tipo de levantamento é capaz, através de uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira, de traçar um perfil socioeconômico do país.
São dois tipos de questionário aplicados: básico e ampliado. Caso prefira, o morador pode optar por responder as questões por telefone ou internet. Mesmo assim, é preciso ter contato com um recenseador, porque é esse profissional que gera um ticket digital.
Para sair da lista prévia, uma mesma residência precisa ser visitada quatro vezes, no mínimo, sendo uma em turno alternativo.
Identificando o recenseador
Segundo o IBGE, os recenseadores estarão sempre uniformizados, com o colete de identificação, boné do Censo, crachá e o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC).
Com informações g1 RN