Preso desde 19 de outubro de 2016, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) é um dos protagonistas do horário eleitoral da campanha para deputado federal no Rio de Janeiro. Ele ressurgiu pelas mãos da filha, Danielle Cunha, candidata do MDB à Câmara dos Deputados.
Programa de Danielle, publicado no início do mês no Facebook, começa com a imagem de Cunha anunciando a instauração do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
“Se não fosse a atuação do meu pai, Eduardo Cunha, você estaria sendo governado pela Dilma e pelo PT até hoje. Para continuar esse trabalho, vote Danielle Cunha”, diz a candidata.
Em outro vídeo, ela diz que “graças a atuação de Eduardo Cunha” a dívida do Rio foi zerada. O que Cunha fez foi colocar em votação, em 2015, projeto de lei que aprovou a aplicação imediata de lei das dívidas estaduais e municipais. “Com as regras da nova lei, as dívidas do município baixou enormemente para cerca de R$ 300 milhões”, explicou Eduardo Paes, prefeito do Rio, à época.
Voto evangélico
Um dos cabos eleitorais da candidata é o deputado Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP). Em uma gravação, o integrante da bancada evangélica pede votos para Danielle.
“Não basta mandarmos para Brasília evangélicos, é preciso que esses evangélicos tenham coragem de carregar nossas bandeiras, que são extremamente pesadas, como barrar o aborto, a legalização das drogas e para que a liberdade religiosa continue no nosso País, por isso vote na Danielle Cunha”, diz o pastor.
Outro que faz o mesmo apelo é o bispo Manoel Ferreira, presidente da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil – Ministério de Madureira.
Em vídeo gravado para Danielle, o bispo diz que ela é filha de um amigo que foi “um grande homem público para essa nação”. “Estenda sua mão amiga e fale com as pessoas que ajude a Danielle”, emenda o bispo.
O número de Danielle nas urnas é o mesmo que Cunha usava. Ela tem seguido os passos do pais e apostado nos redutos eleitorais que ele frequentava. Da prisão, Cunha pediu votos para a filha por meio de uma carta.
“Apoio com veemência a candidatura da minha filha mais velha, Danielle Cunha. (…) Sua desenvoltura política é notória: jovem, mulher, evangélica, empreendedora, capacitada, com um currículo que fala por si só; ela é muito mais preparada do que eu”, diz o ex-deputado.
Na Câmara, Cunha patrocinou pautas como a redução da maioridade penal, o Estatuto da Família, o Estatuto do Nascituro e a legalização da terceirização para todas as atividades. Ele é autor do projeto que inclui o aborto no rol de crimes hediondos e do que cria o Dia do Orgulho Hétero.
De pai para filha
Em 2015, a família de Cunha, incluindo a esposa Cláudia Cruz e a filha Danielle, se tornou alvo de uma ação na qual foi investigada por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na quebra de sigilo, a Polícia Federal pegou mensagens nas quais a filha pede itens de luxo ao pai. “Oi Dad, mesmo eu indo viajar, infelizmente não tenho cacife para comprar tudo que eu gostaria. Fiz uma listinha do que eu gostaria que você trouxesse, e se puder agradeço muito. Veja claro o que não for te dar trabalho!”
Danielle foi investigada pela posse de um cartão de crédito associado a uma offshore, que segundo a Lava Jato, recebeu recursos de propina destinada ao ex-presidente da Câmara. Embora alvo de apuração, ela não chegou a ser denunciada pelo Ministério Público Federal.
Cunha foi condenado em uma ação da Lava Jato por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, no caso da compra de um campo petrolífero em Benin, na África, e ainda é réu em outras duas ações. Ele não foi expulso do partido.
De acordo com levantamento do site Congresso em Foco, Danielle recebeu R$ 2 milhões do fundo político e lidera as doações do MDB no estado. (Com informações Huffpost Brasil).