O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou nesta quarta-feira, 7, que a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) vai comandar o Ministério da Agricultura. Ela é coordenadora da Frente Parlamentar da Agropecuária, a chamada bancada euralista, e presidiu a comissão especial que aprovou o projeto que flexibiliza a regulação de agrotóxicos, da qual era uma das principais defensoras.
A indicação dela ocorreu após reunião do presidente eleito com a bancada no Centro Cultural do Banco do Brasil, onde trabalha a equipe de transição. Ela é a primeira mulher anunciada para compor o primeiro escalão, que já tem cinco homens escalados.
“Quero agradecer a todos vocês e, com muito prazer, eu anuncio aqui Tereza Cristina como ministra da Agricultura”, disse Bolsonaro aos parlamentares ruralistas no encerramento da reunião.
Vice-presidente da frente parlamentar, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) anunciou a indicação ao deixar a reunião com o presidente eleito. Segundo ele, ficou acertado que a pasta do Meio Ambiente continuará a existir de forma autônoma, mas o nome do titular terá de ser “homologado” por Tereza Cristina.
A deputada se aproximou de Bolsonaro depois de ter levado a ele uma declaração formal de apoio da frente parlamentar na semana antes do primeiro turno das eleições. O apoio foi tido pelo presidente eleito e seu time como fundamental para desmontar o discurso de que ele não conseguiria sustentação no Congresso.
Tereza Cristina era líder da bancada do PSB até outubro do ano passado. Ela deixou a legenda depois de decidir votar contra o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer (MDB). Ela entrou no DEM em dezembro, em uma articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e assumiu o comando da bancada ruralista em fevereiro de 2018.
A reunião em que foi feito o anúncio contou com a presença de 30 deputados e senadores da bancada ruralista. Na entrada da reunião, eles já haviam anunciado que pediriam a Bolsonaro a nomeação da colega para a pasta da Agricultura. O cargo era disputado por duas alas do agronegócio. Enquanto a frente e algumas entidades fizeram lobby por Tereza Cristina, a União Democrática Ruralista (UDR) ofereceu o nome do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) para a função. O presidente da UDR, Nabhan Garcia, também já foi cotado para a função.
Tereza Cristina esteve de manhã no Centro Cultura Banco do Brasil para se reunir com Onyx Lorenzoni, que coordena o grupo. Ela tinha se oferecido para ajudar de forma voluntária na transição. A deputada não participou da reunião que sacramentou seu nome para o ministério.
Bolsonaro confirmou a indicação da deputada por meio de seu Twitter: “Boa noite! Informo a todos a indicação da senhora Tereza Cristina da Costa Dias, Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, ao posto de Ministra da Agricultura”, escreveu Bolsonaro.
Mais cedo, também no Twitter, o presidente eleito disse não estar preocupado com cor, sexo ou sexualidade de quem está em sua equipe . Ele afirmou estar mais preocupado “com a missão de fazer o Brasil crescer, combater o crime organizado e a corrupção, dentre outras urgências”.
Até agora já foram indicados Onyx Lorenzoni para a Casa Civil, Paulo Guedes para uma superpasta de Economia, Sergio Moro para o ministério de Justiça e Segurança Pública e Marcos Pontes para Ciência e Tecnologia. O general da reserva Augusto Heleno foi confirmado nesta quarta, para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ele estava indicado para comandar o Ministério da Defesa.
Pela manhã, Bolsonaro admitiu que o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União ( CGU ) pode não ser absorvido pelo Ministério da Justiça em seu governo , como foi cogitado inicialmente.
“Isso já está sendo (avaliado), já demos um passo e talvez seja mantido o status de ministério (da CGU), mas não é pela governabilidade, é para que a gente possa apresentar realmente resultado. Talvez temos que manter a Controladoria com status de ministério”, disse.
Também nesta quarta-feira, a equipe de transição do presidente eleito anunciou que mais três mulheres farão parte do grupo : a tenente do exército Sílvia Nobre Waiãpi, a economista Clarissa Costa Longa e a ex-tenente do Exército Liane de Moura. A nomeação delas deverá ser publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias.
Ao todo, quatro mulheres já foram anunciadas: a coronel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal Márcia Amarílio da Cunha Silva já participa das reuniões no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde se reúne a equipe, e também deve ser nomeada nos próximos dias. (Com informações Eduardo Bresciani, O Globo).