Passo importante para o fornecimento de água da transposição em áreas estratégicas do Rio Grande do Norte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inaugurou na quarta-feira, 28, a primeira etapa do Ramal do Apodi. A solenidade foi na zona rural de Cachoeira dos Índios, no Sertão Paraibano, e contou com a presença da governadora Fátima Bezerra (PT); do governador da Paraíba, João Azevedo (PSB); de ministros, parlamentares federais e estaduais dos dois estados e dos movimentos sociais. Com 115,5 km de extensão, a estrutura do ramal liga a Barragem Caiçara, na Paraíba, à Barragem Angicos, que fica localizada no estado do Rio Grande do Norte, com vazão projetada de 40 m³/s.
Na etapa 1, que vai do reservatório de Caiçara (PB) até a estrutura de controle em Cachoeira dos Índios, totalizando 30 quilômetros, foram investidos R$ 350 milhões. A Barragem Tambor, local em que a comitiva presidencial foi recebida com festa, fica no meio do percurso.
O presidente Lula lembrou o passado de retirante fugindo da seca e os motivos que o levaram a fazer a transposição para levar água à região mais árida do Brasil. “Foi a maior decisão de minha vida. Eu sempre me perguntava: por que o Nordeste é a região com maior número de analfabetos, de pobres, desnutridos. Eu sabia que a seca é um problema cíclico, mas a fome é uma falta de vergonha. E é preciso ter coragem para mudar isso e eu sempre quis mudar essa realidade”, ressaltou o presidente.
Fátima destacou a importância da transposição. “Essas águas trazem esperança e confiança de dias melhores. Trazem dignidade, sentimento de justiça social, oportunidade para os agricultores, para as mulheres da zona rural, para a juventude que quer ficar e produzir no sertão. A transposição é um marco histórico para nós”.
O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, falou da preocupação do atual governo com o bem-estar da população. “Com a assinatura da duplicação do bombeamento de água do Eixo Norte e a inauguração do primeiro trecho do Ramal do Apodi, o Governo Federal reforça o compromisso com a segurança hídrica de mais de 8 milhões de nordestinos.”
Cobertura
Braço do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional (PISF), o Ramal do Apodi é um megaempreendimento de R$ 1,5 bilhão, com 115 quilômetros de extensão, área de influência cobrindo 54 municípios do Rio Grande do Norte (32), Paraíba (13) e Ceará (9), atendendo a uma população de 750 mil pessoas.
A obra está sendo executada em três etapas, chamadas “marcos”, na linguagem técnica. A primeira foi entregue nesta quarta-feira; a segunda está prevista para o segundo semestre deste ano, e a terceira, em 2026.
Trecho 2
O trecho 2 tem 67 quilômetros, fechando o percurso em terras paraibanas. O trecho 3 é o do Rio Grande do Norte, que passa pelo túnel de Major Sales, vai até o reservatório Angicos, em José da Penha, e de lá segue para a Barragem Santa Cruz, em Apodi.
“Além de proporcionar segurança hídrica quanto ao abastecimento da população, esse trecho da transposição é fundamental para o desenvolvimento da indústria, do turismo e da agricultura irrigada, tanto para o grande e médio produtor, quanto para a agricultura familiar ao longo dos rios Apodi-Mossoró e Umari”, destaca Carlos Nobre, integrante do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte.
Carlos Nobre observa que a chegada das águas da transposição pelo Ramal do Apodi vai resolver, de forma definitiva, o abastecimento das cidades do Alto Oeste e do Médio Oeste, um problema crônico que perdura desde o século passado.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, lembrou que as obras do ramal, assim como as da transposição como um todo, não são apenas um empreendimento gigantesco de cimento armado. “É muito mais que isso.”
O projeto inclui outros aspectos importantes para a região, como ações preventivas contra a desertificação; regularização fundiária das áreas na faixa de domínio do empreendimento; programa de fornecimento de água e apoio técnico a pequenas atividades de irrigação; recuperação de áreas degradadas; monitoramento das fontes hídricas subterrâneas.
Antes da solenidade na comunidade Redondo, o presidente Lula cumpriu agenda em Salgueiro, Pernambuco, onde assinou a ordem de serviço para instalação de equipamentos que irão permitir a duplicação da capacidade de bombeamento de água para os canais da transposição.
Caminho das Águas
A transposição do Rio São Francisco é considerada a maior obra de infraestrutura hídrica do Brasil e da América Latina. Foi idealizada e iniciada no governo do presidente Lula, com a meta de beneficiar 12 milhões de pessoas em 390 municípios e 294 comunidades rurais. O projeto foi oficialmente lançado em junho de 2007, após décadas de debates sobre a necessidade de levar as águas do “Velho Chico” para regiões historicamente castigadas pela escassez de água. Foram iniciadas as principais frentes de trabalho nos dois grandes eixos — Norte e Leste —, consolidando sua autoria e compromisso com o desenvolvimento social e econômico do semiárido nordestino.
Participaram da cerimônia em Cachoeira dos Índios diversas autoridades: o governador do estado da Paraíba João Azevêdo, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, o prefeito da cidade Alyson Francisco, o senador paraibano Veneziano Vital, o secretário da Secretaria de Estado da Fazenda do RN Cadu Xavier, o deputado federal Fernando Mineiro, o deputado estadual Adriano Galdino, os ministros Rui Costa, Waldez Góes, Silvio Costa, Wolney Queiroz e Luciana Santos.
Fotos: Ricardo Stuckert/Planalto
Fotos: Carmem Felix/Assecom
Graças a Bolsonaro