Depois de três semanas de internação passando por três hospitais diferentes na luta contra a Covid-19, Antônia Maria dos Santos, de 82 anos, recebeu alta hospitalar no domingo, 24, em Mossoró. Até a volta para casa, em Areia Branca, os familiares da idosa relataram dias de desespero e apreensão.
Durante 13 dias, Antônia precisou de cuidados em uma UTI. Para custear os gastos do tratamento, os familiares da mulher de 82 anos chegaram a penhorar uma casa no valor de R$ 20 mil. A despesa permanece e agora os parentes de dona Antônia tentam reunir recursos para recuperar a escritura do imóvel.
“Tivemos que tomar essa decisão no desespero porque ela precisava da vaga na terapia intensiva imediatamente. Conseguimos os R$ 20 mil com uma pessoa que conhecemos em troca da penhora da casa. Os parentes têm ajudado, cada um contribui com o valor que pode, mas o mais importante é que ela conseguiu se recuperar dessa doença”, diz Daniela Nogueira, neta de Antônia.
Antônia Maria apresentou os sintomas no fim de abril e procurou ajuda médica logo em seguida, no começo de maio, na unidade hospitalar de Areia Branca, cidade onde mora. No mesmo dia em que procurou o hospital local, ela foi transferida para o Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró.
Lá ela permaneceu internada em uma enfermaria durante cerca de oito dias, mas precisou ser regulada e iria ser transferida para o Hospital São Luiz, outra unidade da rede estadual de saúde pública em Mossoró. No entanto, pelas condições de hipertensão e diabetes, a família optou por levá-la para uma unidade privada para acompanhar o quadro mais de perto.
Antônia Maria tem 82 anos e mora em Areia Branca (Foto: Cedida pela família)
“Minha vó estava bastante debilitada e já havíamos perdido minha tia para a Covid-19, então internamos ela na rede privada para acompanhar a evolução mais de perto. No São Luiz só poderíamos acompanhá-la pelos boletins telefônicos, embora os profissionais de lá sejam extremamente dedicados e estejam prestando um serviço incrível aos pacientes. O motivo da transferência foi esse”, detalha Daniela Nogueira, que é técnica de enfermagem e também está atuando no combate à pandemia.
No dia 10 deste mês, a filha de Antônia Maria e tia de Daniela, faleceu em Mossoró vítima do novo coronavírus. Ela tinha 61 anos.
Antônia Maria estava estabilizada e trataria a Covid-19 em um leito de enfermaria no hospital privado Wilson Rosado, também em Mossoró. O quadro dela se agravou um dia depois de ter sido transferida e a paciente precisou ser tratada em uma UTI, o que acabou elevando as despesas. Por isso a família precisou penhorar o imóvel. Ela ficou no Wilson Rosado durante 13 dias, até receber alta no domingo.
“A princípio ela só precisaria de cuidados na enfermaria, no Wilson Rosado. Não esperávamos que ela fosse piorar e precisar de UTI. Quando ela precisou não havia vagas UTI na rede pública, então tivemos que fazer isso para conseguir o dinheiro do tratamento. Depois de uns dias conseguimos o leito UTI público”, conta Daniela.
Quando conseguiu a vaga em um leito de UTI da rede estadual de saúde pública, Antônia Maria foi regulada e continuou o tratamento no Hospital Wilson Rosado, sem precisar sair de onde estava. Na saída da unidade, a idosa foi homenageada com aplausos e mensagens da equipe de saúde. Uma das profissionais que cuidaram de Antônia Maria foi a enfermeira Jéssica Saraiva, que também teve a história contada pelo G1.
A idosa de 82 anos que venceu a Covid-19 agora descansa em casa, em Areia Branca. “Agora o pior já passou. Agradeço demais aos profissionais dos hospitais Tarcísio Maia, São Luiz, Wilson Rosado e todos os outros que estão nessa batalha. Desejo forças a quem está enfrentando essa doença. É preciso acreditar que tudo dará certo. Sairemos dessa”, completa Daniela Nogueira. (Com informações Bruno Vital, G1 RN).