Quarta escola a desfilar na Sapucaí, no Rio de Janeiro, na madrugada de domingo,11, para segunda-feira,12, a Paraíso do Tuiuti ocupava, horas depois de sua apresentação, o topo dos assuntos mais comentados no Twitter em todo o Brasil.
No canal do YouTube Brasil, desfile da escola de samba era o vídeo mais assistido desta segunda-feira (12).
Nas redes sociais, diversas pessoas afirmaram que a escola deve aparecer entre as mais bem colocadas na apuração das notas do Grupo Especial, na Quarta-feira de Cinzas. O historiador e especialista em Carnaval Luiz Antonio Simas comentou, no Twitter: “Plasticamente, Tuiuti faz o melhor desfile da noite”.
Com a pergunta “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, do carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola mostrou a história da escravidão no Brasil e no mundo, e ainda fez críticas à recente reforma trabalhista aprovada pelo Congresso e às relações de trabalho no país. O samba levantou o público nas arquibancadas, que aplaudiu com entusiasmo a escola.
A comissão de frente emocionou, com encenação de escravos sendo açoitados por um capataz, e depois sendo benzidos por pretos velhos.
Outros destaque foram carros alegóricos mostrando carteiras de trabalho gigantes, e um vampiro com a faixa presidencial – o “presidente vampiro” do neoliberalismo.
Mãos manipulando “marionetes” vestindo verde e amarelo também marcaram presença. A ala com fantasias de “manifestantes fantoches” ironizava manifestantes que pediram impeachment.
Leia a letra do samba da Paraíso do Tuiuti:
Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o valor? Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz
Eu fui mandinga, cambinda, haussá
Fui um rei egbá preso na corrente
Sofri nos braços de um capataz
Morri nos canaviais onde se planta gente
Ê calunga! Ê ê calunga!
Preto Velho me contou, Preto Velho me contou
Onde mora a senhora liberdade
Não tem ferro, nem feitor
Amparo do rosário ao negro Benedito
Um grito feito pele de tambor
Deu no noticiário, com lágrimas escrito
Um rito, uma luta, um homem de cor
E assim, quando a lei foi assinada
Uma lua atordoada assistiu fogos no céu
Áurea feito o ouro da bandeira
Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel
Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social
Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação
Fonte: Jornal do Brasil