A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), por meio do Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB-Uern), está prestes a realizar mais um evento marcante para a conservação dos peixes-bois-marinhos, uma das espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil. Nesta quarta-feira, 28, ocorrerá a soltura do peixe-boi Angelina, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, em Macau.
Em março de 2018, Angelina, um filhote de peixe-boi debilitado, foi encontrada encalhada em Beberibe, no Ceará, pesando apenas 30 kg. Resgatada pela Aquasis (ONG do Ceará), ela foi levada ao Centro de Reabilitação de Fauna Marinha do PCCB-Uern. Durante quatro anos, Angelina recebeu cuidados médicos, alimentação e monitoramento. Posteriormente, foi translocada para o Recinto de Aclimatação na Reserva de Ponta do Tubarão para adaptação ao ambiente natural.
O PCCB-Uern já devolveu três peixes-bois à natureza e segue reabilitando outros 17. Após a soltura, os animais são monitorados por transmissores para garantir sua segurança. A conservação dessa espécie é crucial, pois o peixe-boi-marinho desempenha um papel vital no controle da vegetação aquática e na qualidade da água.
“Para nós, é uma satisfação muito grande contribuir com a conservação dessa espécie”, afirmou o professor Flávio Lima, coordenador do projeto. Essas solturas simbolizam não apenas o compromisso com a proteção dos peixes-bois, mas também o esforço de engajamento com a comunidade local para promover a consciência ambiental. A presença da comunidade e a realização de atividades culturais reforçam a mensagem de que a conservação é uma responsabilidade compartilhada.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP) é executado pelo PCCB-Uern, por meio de convênio firmado entre a Petrobras, Uern e Funcitern, em parceria com o Cemam, Idema e Aquasis. O projeto desempenha um papel vital na proteção de animais marinhos, focando no resgate, reabilitação, soltura e monitoramento. Essa iniciativa é crucial para cumprir as exigências do Ibama relacionadas à exploração de petróleo e gás na região.
Nos últimos anos, o projeto alcançou importantes marcos, como a soltura de Gabriel, o primeiro peixe-boi-marinho liberado no estado do Rio Grande do Norte, em maio do ano passado. As sucessivas solturas de Rosa e Zé Grande reforçam a capacidade técnica do projeto e seu compromisso contínuo com a conservação da espécie.
Compromisso com a conservação e os desafios à frente
Além de realizar as solturas, o PCCB-Uern monitora os peixes-bois utilizando dispositivos de rastreamento para acompanhar a adaptação dos animais em seu ambiente natural. Este monitoramento é fundamental para entender os desafios enfrentados pelos peixes-bois e ajustar estratégias de conservação.
“Agora é continuar monitorando pelos próximos dois anos a presença do animal aqui na região”, afirmou Flávio Lima após a soltura de Zé Grande. Esse acompanhamento é essencial para garantir que os peixes-bois se adaptem bem ao seu habitat natural e para avaliar o impacto das ações de conservação.
Os peixes-bois ainda enfrentam ameaças como perda de habitat, poluição e colisões com embarcações, o que torna o trabalho do PCCB-Uern vital para a sobrevivência da espécie.
O projeto também se concentra na educação ambiental, promovendo a conscientização sobre a importância da conservação dos peixes-bois e dos ecossistemas marinhos. Em caso de avistagem de um peixe-boi, a recomendação é notificar o PCCB-Uern e evitar contato direto, como tocar no animal ou oferecer alimentos.
Com mais solturas planejadas e um compromisso contínuo com a pesquisa e a educação, o PCCB-Uern demonstra que a colaboração entre ciência, comunidade e parcerias institucionais é essencial para garantir um futuro sustentável para os peixes-bois-marinhos e para a biodiversidade global.
Caso você encontre um peixe-boi com ou sem equipamento de monitoramento, entre em contato com o PCCB-Uern pelo número: (84) 98843-4621. Para acompanhar mais informações sobre o trabalho do PCCB-Uern, siga as redes sociais (@pccbuern).