A tragédia na região serrana do Rio mistura a catástrofe natural com a irresponsabilidade pública e a ignorância –é, aliás, algo comum nas catástrofes brasileiras. Basta ver o que fala o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio (CREA-RJ).
A entidade afirma que há pelo menos dois anos adverte as cidades da região serrana sobre as ocupações irregulares, mas, na maioria das vezes, sem nenhum efeito. Nem resposta tiveram.
Falta, segundo a entidade, qualquer planejamento urbanístico, o que contraria interesses econômicos de condomínios de alto luxo. Ou a disposição de arrumar briga com os mais pobres.
Soma-se a isso a ignorância: prefeituras, de acordo com o CREA-RJ, não teriam profissionais qualificados para evitar a construção de casas em áreas de risco.
Daí se vê, como sempre, como o descaso é uma tragédia permanente no Brasil.
Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas-feiras.