Nos últimos anos, conceitos como sustentabilidade e preservação do meio ambiente vêm sendo amplamente discutidos no sentido de reduzir os danos à fauna e à flora. Observando o contexto de produção local de sal, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) estuda meios de reaproveitamento de resíduos resultantes do processo de produção do minério.
O Rio Grande do Norte é conhecido por sua grande produção de sal. Porém, durante o processo para obter o produto, as salinas produzem um resíduo aquoso, que é descartado no mar. Esse material, uma salmoura rica em magnésio e potássio, conhecido com águas mães. Devido a sua composição, a água mãe, prejudica a vida marítima ao ser descartada, tanto que existe um critério estabelecido pelos órgãos ambientais para o descarte ao mar. Daí, pesquisadores de várias partes do mundo estudam alternativas para a reutilização dessa água, tornando-a também em um produto de venda.
Um exemplo está na Ufersa com a realização de experimentos voltados para o aproveitamento dos rejeitos das salinas como um fertilizante agrícola. A alternativa poderá beneficiar em curto prazo não apenas os produtores de sal, mas também os agricultores e, principalmente, o meio ambiente.
“Hoje, na agricultura, se utiliza o sulfato de magnésio, nitrato de magnésio e o cloreto de magnésio, em sua maioria importados”, explica o pesquisador e engenheiro agrícola José Francimar Medeiros, coordenador do grupo de pesquisa “Manejo de água e solo na agricultura irrigada”.
Francismar Medeiros explica ainda que as águas mães podem proporcionar ganhos econômicos para os salineiros, sem impedir a continuidade de sua produção de sal. Outra vantagem é para os agricultores que vão ter a opção de comprar um fertilizante à base de magnésio localmente, evitariam os gastos com a importação dos produtos.
Outro produto descartado na produção de sal é o carago, conhecido como gesso marinho. O material que é rico em cálcio, já está sendo estudado para a utilização como gesso agrícola.
Maria Valdete da Costa, doutoranda e técnica de laboratório da Ufersa, realizou testes de aplicação do carago em culturas de melão, obtendo resultados positivos. Outros benefícios foram destacados pela pesquisadora como a viabilidade da produção, a preservação do solo e o desenvolvimento de renda.
Atuação na universidade
O pesquisador Francismar Medeiros conta que a ideia da pesquisa surgiu em conjunto com os salineiros da região, que buscavam uma melhor maneira de descarte das águas mães e uma nova fonte de renda. As hipóteses desenvolvidas na Ufersa resultaram na criação do grupo de pesquisa há quatro anos na Universidade.
Pesquisador da Ufersa, Francismar Medeiros (Foto: Assecom)
Atualmente, o grupo de pesquisa teve como resultados duas teses de doutorado, e mais quatro estão em andamento. Um trabalho de mestrado também está sendo desenvolvido no laboratório.
“A Ufersa, além de estar formando profissionais para atuar no mercado e atender ao público, está desenvolvendo pesquisas para levar à sociedade”, destacou Francismar ao reforçar a importância do trabalho que é desenvolvido pelas universidades.