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A paixão pelo verde em Areia Branca remonta há décadas (Foto: Reprodução)

Quatro décadas depois a campanha eleitoral em Areia Branca ainda tem o verde, amarelo e o vermelho como referência

A paixão pelo verde em Areia Branca remonta há décadas (Foto: Reprodução)
A paixão pelo verde em Areia Branca remonta há décadas (Foto: Reprodução)

Faltam quatro dias para as eleições de 2 de outubro de 2016. Em Areia Branca, quatro candidatos disputam a prefeitura. Isso só aconteceu na década de 80. Pelas projeções, ainda não será desta vez que a cidade terá um terceiro nome concorrendo diretamente ao cargo Executivo.

Desde o início da atual campanha eleitoral, que está terminando, o embate nas ruas está sendo travado entre dois candidatos. É fato que nos últimos 40 anos o eleitorado areia-branquense estabeleceu as cores verde e amarelo (“bacurau”) e vermelho (“bicudo”) como o divisor das águas. Ou seja, em época de eleição municipal a população naturalmente se “divide” entre dois candidatos. Pela cor.

Apesar de ter quatro nomes na disputa majoritária, este ano a história se repete. E dificilmente das urnas sairá um resultado que não seja favorável a um dois principais concorrentes diretos no pleito, os candidatos a prefeito Toninho Cunha (PHS), que tem a preferência do eleitor verde e amarelo, e Iraneide Rebouças (PSD), que representa o vermelho. Os outros dois candidatos a prefeito são Chiquinho Contador (PSDC) e Perboyre Vale (SD).

Paixão pela cor partidária é coisa de brasileiro

O vermelho é a cor que simboliza o "bicudo", hoje oposição no município (Foto: Reprodução)
O vermelho é a cor que simboliza o “bicudo”, oposição no município (Foto: Reprodução)

Mas essa coisa de votar no candidato pela cor que ele utiliza na campanha e na propaganda eleitoral, não é privilégio apenas dos areia-branquenses. Pesquisando sobre o assunto, descobriu-se que com a redemocratização do país, no final da década de 1970, cinco partidos políticos foram autorizados a funcionar. Cada um utilizou uma simbologia própria, identificada nas bandeiras.

O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) adotou o vermelho e o preto, mantendo as cores do antigo MDB. O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) seguiu as cores do antigo partido de Getúlio Vargas, estampando em sua bandeira três listras verticais (preto, branco e vermelho). No Partido dos Trabalhadores (PT), predomínio da cor vermelha com uma estrela branca. O Partido Democrático Social (PDS) seguiu as cores vermelho e azul e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) o vermelho, azul e branco.

Os novos partidos criados na década de 1980/90 e as siglas que deixaram a clandestinidade também adotaram cores de identificação.

Seguindo a tendência internacional, os partidos comunistas (PCB e PC do B) imprimiram o vermelho em suas insígnias e o novo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) o azul e amarelo. O Partido da Frente Liberal (PFL) adotou os tons da bandeira nacional (verde e amarelo).

Na primeira eleição direta para presidente da República após o Golpe Militar de 1964, no ano de 1989, houve a profusão de candidatos e a consequente multiplicidade de cores na propaganda política. Fernando Collor de Mello, o candidato a presidência da República lançado por uma sigla desconhecida, o Partido da Reconstrução Nacional (PRN), fez o discurso da mudança, da moralização e do crescimento.

O nome do candidato escrito na cor azul, aproveitava o duplo “l” para em cada qual estampar uma cor: verde e amarelo. Um forte apelo nacionalista e que de certa forma resgatava a campanha das Diretas Já liderada por seus oponentes.

Comício de Fernando Collor de Melo, em Ribeirão Preto, em 1989, concorrendo com Lula (Foto: Reprodução)
Comício de Fernando Collor de Melo, em Ribeirão Preto, em 1989, concorrendo com Lula (Foto: Reprodução)

Na mesma linha, Fernando Henrique Cardoso, quatro anos depois, contou com as cores da bandeira nacional na propaganda de seu partido e como símbolo, adotou uma ave multicolorida tipicamente brasileira, o tucano. Colorida, mas sem fazer qualquer referência ao seu antecessor deposto pela mobilização popular.

Nas três eleições disputadas por Luiz Inácio Lula da Silva (1989,1994 e 1998), o vermelho foi a cor símbolo. Os insucessos eleitorais levaram o novo marqueteiro do PT, Duda Mendonça, a propor uma alteração na imagem do candidato, que passou a preocupar-se mais com a forma e não só com o conteúdo de seus discursos.

Após sucessivas derrotas Lula encontrou o caminho da vitória com mudança no marketing (Foto: Reprodução)
Após sucessivas derrotas Lula encontrou o caminho da vitória com mudança no marketing (Foto: Reprodução)

O vermelho estava demasiadamente associado ao Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) e, quem sabe, até a uma proposta “esquerdista”, talvez responsável pelos seguidos insucessos. Esta hipótese é admitida no relato que Duda Mendonça fez após a vitoriosa eleição de 2002, quando Lula elegeu-se presidente do Brasil, substituindo o vermelho e a única estrela dos materiais de propaganda por uma combinação de azul, verde, branco e vermelho, com diversas estrelas para fazer companhia a antes solitária marca petista.

Tudo questão de marketing, que faz a diferença em qualquer eleição.

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